domingo, 27 de novembro de 2011

-Pesquisa aberta/ texto em estudo inacabado:

Objetivos e finalidades da educação :a tecnologia do yoga e os novos paradigmas da sabedoria

* O pensamento surge do silêncio; o ego, do pensamento; e do ego surge o discurso.
Ora, se o discurso tem efeito, quão mais eficaz não será sua fonte.
- Ramana Maharshi


Certa vez, um rei reuniu alguns homens cegos ao redor de um elefante e lhes perguntou o que lhes parecia ser. O primeiro deles apalpou a presa e disse que o elefante se parecia com uma gigantesca cenoura; outro, tocando-lhe a orelha, disse que se parecia como um enorme leque; outro, apalpando-lhe a tromba, concluiu que o elefante se parecia com um pilão; outro, tocando-lhe a perna, disse que se parecia com um almofariz; outro ainda, agarrando-lhe a cauda, disse que o elefante era semelhante a um corda. Nenhum deles foi capaz de descrever ao rei a forma real do elefante.. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.
Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!

(Provérbio da mitologia hindu)

A imagem do ser humano tem orientado pais e mestres desde a mais antigas civilizações na tarefa de educar as novas gerações.Há várias teorias antropológicas que norteiam os objetivos educacionais a fim de posicionarmos que tipo de ser humano desejamos educar e para quê, como por exemplo concepção essencialista, naturalista ou a histórico-cultural.A presente reflexão é sobre de como a imagem que o yoga traz do ser humano pode ajudá-lo na educação .Assim passaremos a rever algumas formas que filósofos, educadores e mestres transmitiram seus conhecimentos para a formação do ser-humano.

Para tanto começaremos olhando para algumas partes na história da aquisição do conhecimento, da verdade e da educação.
Vemos que a habilidade humana de lascar uma pedra, torná-la pontiaguda e amarrá-la em um cabo, deu origem não só ao primeiro machado, mas a própria idéia do machado.Sem querer, esse homem implantou um método experimental, constituído de saberes vulgares, carentes de ciência. A evolução dos conhecimentos fez com que a humanidade saísse da Idade da Pedra Lascada para a Idade da Pedra Polida e que esta, se sucedesse á Idade de Cobre.

O acúmulo de conhecimento conduziu também ao aperfeiçoamento da mentalidade.Querendo então deixar sua herança animalesca, e , incorformado em sua carência de incompletude, deseja chegar àquele que tudo conheçe, aquele que é pleno.
Assim, consciente de sua própria ignorância , o homem ruma buscando a Verdade e desenvolve um amor ao saber.Surge a filosofia (Philos=amizade, amor;Sophia=sabedoria; sophós=sábio) e os primeiros filósofos refletiam sobre todos os saberes.
Sócrates comparava a maioria dos homens ao rebanho das ovelhas, que seguem o pastor sem saber por quê , e achava que uma vida sem reflexão não devia ser vivida.Estimulava a auto-confiança nas pessoas para que desenvolvessem suas próprias crenças e idéias , independente da maioria democrática. Assim, saia na Ágora grega perguntando o que as pessoas pensavam sobre as coisas, negando o senso comum, os pré-conceitos e os pré- julgamentos e questinava sobre o que eram as coisas, (essência) os por quês (causa) e como (processo), inaugurando profundamente uma atitude crítica e filosófica da vida.
Os filósofos gregos foram os primeiros a refletir sobre a distinção entre o conhecimento vulgar e o científico, embora Platão confundisse ainda ciência com filosofia, e a verdade era aquela daquele que apresentasse um melhor argumento na arte do diálogo, a dialética.Platão considera que apenas através do diálogo o filósofo deve procurar atingir o verdadeiro conhecimento, partindo do mundo sensível e chegando ao mundo das ideias.
Para Platão, o bem, ou seja, o conhecimento da justiça era o que faziam os homens felizes.Essa justiça consistiria na relação entre as três partes da alma:a inteligência, (cabeça), a coragem(coração), e os instintos, pelo baixo ventre.Platão ainda afirmava que Deus era a medida das coisas, e não o homem, pois não se busca a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior.

A doutrina Aristotélica também dispensava a experimentação ou sua sistematização afirmando que havia uma hierarquia dominando o mundo dos seres vivos, sendo que na parte mais alta estaria o Ser geral, e na base dela, os indivíduos.

E os gregos homéricos apesar de estarem passando do estágio mais alto da barbárie para a civilização, o ideal homérico de educação continha já o germe da teoria do desenvolvimento da personalidade. Assim, Ulisses e Aquiles (personagens da Íliada, de Homero) personificavam os ideais de sabedoria e poder de ação, respectivamente. Diz Fênix instruindo Aquiles:

" Tudo o que mandou ensinar-te, como um filho meu, é que fales como devas falar, e faças quanto devas fazer; não permanecendo mudo por falta de palavras, nem inativo de saber fazer."

Os ideais de sabedoria e poder de ação são tão importantes que perduram até hoje traduzidos como dois , dos quatro pilares da educação: Saber Ser e Saber Conhecer.

Assim , vemos que os valores sócio-culturais estão embutidos nos objetivos educacionais.Na Grécia homérica formava-se o guerreiro,na época clássica, Atenas formava o cidadão , e Esparta era uma cidade que privilegiava a formação militar.
Por volta do século III aC a visão do Universo geocêntrico consolidou-se com Platão e Aristóteles e influenciou decisivamente o pensamento medieval.
No ano "zero" Cristo orientava para a verdade: "Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará!"

Na idade Média, os valores terrenos eram submetidos aos divinos. O Cristianismo pregando seu Deus perfeito, e o dualismo maniqueísta de bom e mau, acirrou a dualidade entre a matéria e o espírito.


No Renascimento, surge o movimento "Pansófico",(do grego :pan=tudo, todos; sophia=sabedoria) que foi a tendência geral de pensadores , cientistas e escritores do século XVII lutando pelo melhoramento geral da humanidade, voltando-se para as novas ciências.Não se satisfazendo com o raciocínio puro para explicar os por quês dos fenômenos, os cientistas desenvolveram a metodologia científica e separam os saberes em:
1- conhecimento popular ou vulgar;
2- conhecimento religioso;
3- conhecimento filosófico;
4- conhecimento científico;

Iniciador do empirismo, Francis Bacon(1561-1622)dizia só poder existir dois métodos para investigação da verdade: um parte dos sentidos e o outro constrói os axiomas partindo dos sentidos.Como é sabido, Bacon reivindica, contra Aristóteles e a Escolática, o método indutivo.Assinala serem fundamentais a "observação " e a "experimentação dos fenômenos" pois somente essa última pode confirmar a verdade. Embora Aristóteles e Tomás de Aquino afirmaram claramente este método, e até o reconheceram como único procedimento inicial do conhecimento humano, entretanto a eles interessavam muito mais as causas do que a experiência, o que transcende a experiência do que a experiência; muito mais a metafísica do que a ciência. Em sua obra"Novum Organum", continha além das críticas acima, as regras para a construção da ciência da natureza.
Segundo Bacon, o verdadeiro método da indução científica compreende uma parte negativa ou crítica, e uma parte positiva ou construtiva. A parte negativa consiste, antes de tudo, em alertar a mente contra os erros comuns, quando procura a conquista da ciência verdadeira.Esquematicamente , seu "metodo científico", o único caminho seguro para a verdade dos fatos passava por:experimentação;formulação de hipóteses;repetição;testagem das hipóteses; formulação de generalização de leis.
A educação como ciência para Bacon, era apenas um meio para um fim :"O domínio do homem sobre as coisas.Onde a ciência e o poder humanos coincidem".Como para ele a vida intelectual deveria abandonar a velha especulação estéril, seus estudos dirigiam-se aos fenômenos da natureza, encontrando aí um equilíbrio entre a oportunidade prática e o conhecimento.

O educador Jan Amos Komenský,(1592-1670) mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII , genial pedagogo tcheco, foi representante junto a Bacon dessa nova concepção de educação no séc.XVII, o Realismo Sensorial, tipo de educação em que se dava preferência ao estudo do fenômenos naturais, sendo o conhecimento adquirido primeiramente através dos sentidos, assim então, as crianças deveriam adquirir a idéia antes da forma e compreender o objeto antes da palavra.
Na perspectiva didático-pedagógica-pansófica, tendo como um de seus pressupostos mais significativos a religiosidade da Igreja Reformada, publicou obras como "Didáctica Magna", "Pampaedia" e "Deliberação universal", cujos objetivos eram respectivamente a reforma da escola, da educação e da sociedade.Todas essas reformas deviam ser executadas pela educação que se transformara no novo instrumento de libertação e salvação de todos os homens.
Vale a pena lembrar que Comênio estava inserido na sociedade boêmia, com um alto grau de cultura, onde a primeira universidade naquela parte da Europa foi fundada em Praga em 1348.Acreditasse que a fonte de seu espírito prático, inovador, aberto ao diálogo e as mudanças seja o fato de que muitos estudiosos crêem que Comênio acompanhava seu pai nas tarefas diárias do moinho .O moinho era necessário em cada pequena comunidade ou aldeia, e além dos serviços prestados, era um ponto de encontro onde se davam todas as comuniações, fazendo dos moleiros um grupo profissional aberto ás novas idéias e propenso a difundi-las.Parecido com a Ágora grega.
Crescido nesse ambiente onde falavam sobre todas as coisas, Comênio desenvolveu uma visão onde o estudo das partes completava-se no conhecimento de todo e vice-versa, num movimento de circularidade contínua em que se dava um aprofundamento do conjunto e das partes.Arrisco em dizer que esse ambiente lhe proporcionou uma vivência no que chamamos  atualmente de "teoria da complexidade".
Para essa relação, no âmbito interno das obras estudadas, mostrou-nos a reciprocidade contitutiva e a mútua dependência entre essas duas instâncias.Evidenciou ainda que a verdade maior do todo particularizava-se em cada segmento.Em sentido inverso, deixou claro que as verdades parciais ampliam-se em sua significação à medida que se integram umas às outras na constituição da totalidade.Da mesma forma tornou manifesto que o conhecimento da totalidade se faz à medida que se progride no conhecimento das verdades particulares.Portanto, o desvelamento das idéias comenianas deu-se progressivamente conforme se tornavam patentes as interligações e interdependências do todo com suas partes.Acrescenta-se que a influência da extrema religiosidade Morávia certamente influenciou o modo de ser e crenças de Comênios dando-lhe a espiritualidade e o amor que recebeu da Unidade do Irmãos Boêmios, uma ordem religiosa que o educou nos princípios da moral austera e a Bíblia como base.Assim, Comênio postula que há três estágios na preparação para a eternidade:
1-conhecer-se a si mesmo( e a todas as coisas);
2-governar a si mesmo;
3-dirigir-se para Deus
O método tem como preceitos: - tudo o que se deve saber deve ser ensinado; - qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, uso definido; - deve ensinar-se de maneira directa e clara; - ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas; - explicar primeiro os princípios gerais; - ensinar as coisas em seu devido tempo; -Foi um grande influenciador na educação moderna.
Sua importância decorre de ser o autor da Didática Magna, "Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos",
sendo o primeiro educador, no Ocidente, a interessar-se na relação ensino/aprendizagem, levando em conta haver diferença entre o ensinar e o aprender.

A palavra didática (didáctica) vem da expressão grega (techné didaktiké), que se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar. A Didática é a parte da pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica. A didática estuda os processos de ensino e aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII
Comênios parte do princípio de que a educação era o meio mais eficaz para corrigir a corrupção humana (Comênios, 2001:44).

Sabendo desse poder,o Estado atual, aqui no Brasil, tem assim o número de investimento em educação inversamente proporcional ao aumento da corrupção política.Não á toa que o ensino de filosofia foi retirado das escolas públicas na época da ditadura.Atualmente a filosofia está voltando as escolas, assim como a arte e a música.Esperemos que que a volta desses currículos nas escolas proporcione aos estudantes das escolas públicas que saem sem saber interpretar um texto e mal sabem escrever, quanto os alunos dos colégios particulares que estão cheios de conteúdos, uma consciência crítica da sociedade em que estão inseridas formando cidadãos cônscios de seus direitos (sabedoria) , e atitude de transformação (poder de ação).
Sabemos que ver a corrupção somente nos políticos é uma pequena parte dela, pois todos que tem no dinheiro seu Deus , é corrupto.



Ele acreditava na educação destinada a todos e afirma que os retos princípios da Didática interessavam “Aos Pais”, “Aos Preceptores”, “Aos Estudantes”, “Às Escolas”, “Aos Estados”, “À Igreja” e “Finalmente é de interesse do CÉU”. (Comênios, 2001:47-8).Tendo as Escrituras e a Natureza como inspiração ele parte para o labor da escrito de seu tratado.
A Didática Magna de Comênio expressa a linha de passagem do feudalismo para o capitalismo, da produção medieval para a burguêsa.No primeiro, o mundo feudal era teocêntrico, convergindo todo agir humano voltado para um fim último, Deus.O segundo , pelas novas relações de trabalho que estava desenvolvendo, gera um novo centro explicativo das ações do homem.Esse centro era o próprio homem.O antropocentrismo fazia convergir para si toda a nova explicação do universo físico e social.

O fim último do homem já não era dirigir tudo para a conquista do céu, mas construir nesta terra o paraíso.


Refutando o geocentrismo,(a terra como centro do universo) Galileu Galilei,(1564-1642),acreditava que o cientista deve provar na prática tudo que afirma, desenvolveu os argumentos que encontrou em Copérnico e valendo-se de um telescópio(que inventou ou redescobriu)com capacidade para aumentar até mil vezes a imagem observada, consegiu ver as faces de Vênus:isto veio provar que esse planeta girava em torno do sol e que, consequentemente, a Terra não era o centro dio universo.Para ele, o sábio deve livrar-se de todas as idéias falsas que obscurecem o espírito e só confiar na experiência, indo gradativamente dos fatos particulares para os fatos gerais.Nesse sentido é necessário observar e anotar os fatos da natureza,sua presença, sua ausência, seu aumento ou diminuição , a fim de induzir as relações de causa e efeito.
Galileu foi condenado a prisão domiciliar perpétua pela Inquisição por ter defendido teses estritamente científicas e é um exemplo muito citado em debates que falem de "fé versus ciência". A tese heliocêntrica exigia que a Igreja reinterpretasse certas passagens da bíblia , mas a igreja não queria fazê-lo, pois esta fixava-se em seu conhecimento religioso.Galileu acabou condenado e a doutrina da Igreja permaneceu por muito tempo fiel ao geocentrismo.
Em sua peça teatral "Vida de Galileu",Brecht,expressa de maneira poética e dramática a fase de transição que se passava no século XVII.Em um dos diálogos entre o discípulo Andrea e o mestre Galileu, este fez-lhe o anúncio triunfal da nova era:

"A Humanidade acreditou durante 2 mil anos que o sol e todos os astros do firmamento giravam à sua volta.............O universo numa noite perdeu o centro.Mas na manhã seguinte tinha uma infinidade deles.De modo que cada um pode ser considerado centro, ou podemos não considerar nenhum.(1970, pp.11-14)
Vemos em Galileu um grande exemplo de autonomia.



Ao mesmo tempo em que o Renascimento com o método científico aumentou nossa capacidade de investigação amadurecendo nossa consciência tornando-a mais observadora e crítica , deu ao ocidente um modo de agir materialista e racional.
"Cogito, ergo sum" (Penso, logo exito), veio na sequência com o Iluminismo em Descartes (1596-1650) seu "Discurso sobre o método".Kant, definia educação como o processo pelo qual o ser humano realiza sua humanidade, ou seja:"o fim da educação é desenvolver, em cada indivíduo, toda a perfeição de que ele é capaz" pag.151.
Mas o que seria essa consciência racional de que tanto falamos? O que tem acontecido que a educação embota esse desvelar da nossa consciência?

Nada contra este estilo,que tem dominado nossa vida desde o Renascimento, mas sim contra a confusão que é feita quando achamos ser a mente o dono da casa, ou seja , nos identificamso com ela, achando que somos o que pensamos.
Essa modernidade cartesiana, privilegoiu o intelecto, as idéias , até o ponto de confundir o Ser com ela, e mais, negligenciou outras importantes faculdades humanas : o corpo, as emoções , os sentimentos, os instintos e a intuição .
Para esclarecer essa questão vamos dar um exemplo da filosofia yóguica, que é existencialista e questionadora em essência.O yoga é também uma técnica de descondicionamento e desindentificação.Até aqui vimos um pouco de como a história da educação não apresentou meios que supriram as demandas humanas. Vamos apresentar como o Yoga é uma cultura que fornece meios para a busca da vinculação do indivíduo com o todo.
No Bhagavad Gita temos essa imagem:

"Do mesmo modo que uma carruagem é arrastada por cinco cavalos, nosso corpo é arrastado pelos cinco sentidos. As rédeas da carruagem do corpo são a mente, que está sempre conectada com os cavalos dos sentidos. A posição da inteligência é a de condutora da carruagem, enquanto nós, a alma espiritual, somos simplesmente o seu passageiro. Então, seguindo o exemplo de Árjuna, devemos aceitar que Sri Krishna, a inteligência suprema, seja o condutor da carruagem das nossas vidas."

Sri Krishna, O Ser é o condutor da carruagem, o Todo, que se encontra dentro de nós.A mente são as rédeas, que atreladas aos sentidos tem de escolher

Em " A Tradição do Yoga"(Feuerstein, Georg,1998p134):
"No seu mais pleno desenvolvimento, a tecnologia psicoespiritual do yoga, é um fruto da época em que Karl Jaspers chamou de "Era Axial", o período decisivo que transcorreu mais ou menos na metade do primeiro milênioa.C.- a epóca de Lao Tsé e Confúcio na China, de Mahâvîra e Gautama na Índia e de Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles na Grécia.Esses gênios ao lado de inúmeros outros pioneiros daquela época, criaram um novo paradigma ou estilo de pensamento"
Feuerstein segue mostrando uma perspectiva evolucionária:o modelo gebseriano das estruturas da consciência, onde Jean Gebser, filósofo cultural suiço mostra como a humanidade passou por uma série de estilos de cognição: a consciência arcaica; mágica; mítica e mental

Gebser diz que este estilo cognitivo é dominado pela mente pensante e racional, que opera com base no princípio de dualidade("ou isto ou aquilo").Intensa autoconsciência com o mundo se dividindo entre sujeito e objeto.Modelo que vem desde o Renascimento ,transformando-se numa força destrutiva quando degenerou-se de sua natureza equilibrada ao fortalecer o ego(parte) e opondo-se á realidade espiritual(todo).Essa degeneração da consciência mental Gebser chamou de consciência racional


 Ao aproximar-se do fim da sua vida, Jung fez a afirmação que expressa explicitamente sua conclusão acerca da finalidade geral do sentido da vida humana: "A finalidade da vida humana é a criação da consciência" 

 Diz que no nível coletivo, a consciência é o nome de um novo valor supremo a nascer no homem moderno.A busca da consciência, a "com- ciência" , une os objetivos das duas etapas anteriores da história ocidental, quais sejam, a religião e a ciência.A religião(que significa "religação) tem como finalidade essencial a manutenção do vínculo entre o homem e Deus.Isso corresponde a Eros, o princípio de ligação , e ao fator "estar com " da consciência enquanto "conhecer bem". A ciência, por outro lado, desistiu ousadamente da ligação com o outro e optou, em vez disso, pela busca de um aumento do conhecimento humano.Se a religiãoé orientada para o Eu , a ciÊncia é orientada para o ego.A religião baseia-se em Eros e a ciência, no Logos.A era que agora começa a florescer proporcionará uma síntese para essa tese e essa antítese.A religião buscava a vinculação, e a ciência buscava o conhecimento.
A nova visão de mundo buscará o CONHECIMENTO VINCULADO.
(Edward F.Edinger, A CRIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA, p.54-55)


Cabe agora entendermos o que o yoga entende pelo sujeito.
No Rig Veda há uma bela imagem :

"Como dois pássaros dourados intimamente ligados,
o Ego e a consciência repousam no mesmo galho .
O primeiro ingere os frutos doces e amargos da vida,
o segundo tudo vê em seu distanciamento!"
Rig Veda

Eu sou esse Ser! Em suma, você já é a felicidade que está procurando!O SER é a Consciência observadora.O yoga é um caminho que vai tirando tudo que o impede de ver e ser essa consciência.

Quanto á meta do yoga trouxe uma visão do Prof. Hermógenes que nos aproxima do método científico , da Ciência do Yoga.
"A filosofia yogi propõe um método, que é nitidamente experimental, pois que a conquista da Verdade se faz no universo interno do praticante. Ele deve partir de uma hipótese, que está configurada nas Escrituras, principalmente na Bhagavad Gítá e no Yoga Sútra. A experiência, baseada nessa hipótese, implica uma disciplina (Sádhana), que visa a um aprimoramento de todos os níveis existenciais do sistema complexo que é o ser humano. Desde a mente, em todos os seus níveis e aspectos, passando pelas estruturas emocionais e energéticas, até o corpo físico, num trabalho integrador, visando a otimizar os "veículos" em trabalho experiencial e experimental. A tese culminará com o atingimento do Samádhi, que desvelará a Verdade (Paravidya) que há de libertar Purusha. Essa é a meta. Trabalhando sobre si mesmo, o aspirante regula suas interrelações, que envolvem os mundos objetivo e sutil, até o alcance do mundo transcendente."

Esse distanciamento maravilhoso ,o yoga nos presentiou.Alías sempre esteve, yoga no lembrou.
O Ser é designado pelas palavras Sat-Chit-Ananda. Essas palavras não são adjetivos. Não podem ser consideradas atributos nesse sentido, mas são aquilo que o Ser é.

1) Sat significa real, verdadeiro. Literalmente, quer dizer 'Aquilo que Permanece', 'Aquilo que não tem fim'. É aquilo que sempre foi, é e sempre será. Ninguém precisa dizer para você que você existe, que você é real. Você já sabe disso, certo?

2) Chit significa consciência, auto-existência. Para que haja transformação, é preciso que haja uma testemunha, que tenha estado aqui no passado. Isso permite que a transformação seja apreciada.

O que você iria achar se eu lhe dissesse: 'vou lhe revelar um grande segredo: você existe!' Ninguém precisa dizer para você que você existe, que você é real. Você já sabe disso, certo? Por que você pode dizer que você existe? Porque você é auto-consciente! Você existe, e sabe que existe. Isto é chit.

3) Ananda significa muita felicidade. Plenitude. Essa é a matéria prima que configura sua essência. Por que podemos afirmar isso? Como podemos ter certeza? Por que, sempre, sempre, retornamos ao estado de felicidade. Entre os momentos de tristeza, de insegurança, as dúvidas da mente nos aliviam (temporariamente, é verdade). Não há mal que dure 100 anos. Nenhuma forma de sofrimento permanece para sempre. Essa é a prova de que o sofrimento não faz parte da nossa real natureza.

A filosofia yogica é existencialista e questionadora, dá a capacidade da percepção do ilimitado através da meditação. Durante a meditação o praticante percebe o universo desintegrado, mostrando o observador e o observado como um só, a unidade da alma e matéria, indivíduo e ser supremo. A meditação contínua leva à percepção da realidade última, que não pode ser concluída, é inatingível ao intelecto. É uma vivência que traz um resultado palpável, uma mudança na consciência que permanece mesmo quando não estamos meditando.

Considerada por muitos como uma nova tendência no Ocidente ,tem sido frequentemente relacionada à necessidade de instrumentos para lidar com nosso modo de vida estressante, ou a uma carência de espiritualidade livre da culpa das religiões baseadas no Cristianismo, ou ainda a um modismo passageiro.Yoga é em verdade um método para a libertação.

Ao observarmos o homem ocidental se adequar tão fortemente à essa visão monística de universo, não deveríamos nos surpreender, já que o próprio Ocidente experimentou, de maneira predominante, essa visão de alma e matéria inseparáveis. Cerca de 2500 anos atrás, as raízes da física na filosofia grega antiga não priorizavam a razão em relação à intuição, e ciência e religião não se encontravam separadas. O estudo do espírito e da matéria era indistinguível.
 O surgimento do dualismo, separando a abordagem da matéria e do espírito, foi iniciado especialmente com a noção de um deus pessoal e inteligente, ocorrida no século V a.C. com a escola eleática, quando os filósofos passaram a dar mais importância aos assuntos referentes a alma e ética, em detrimento da investigação da matéria.


 Educação dos Valores de Sai Baba- 

Como uma moderna disciplina do Yoga (Sádhana), Sai Baba nos aponta a Educação dos Valores
  Humanos (Educare), isto é, a cultura e o cultivo de cinco potenciais divinos que moram dentro de você, de mim, de todos. Os cinco valores, que a educação pode desenvolver, são:

1) Verdade ou veracidade (Sathya);

2) Retidão (Dharma);

3) Paz (Shanti;

4) Amor (Prema); e

5) Não-violência (Ahimsá).

Esse é o Yoga mais adequado aos que vivem agora, nesta "era negra", no Kali Yuga, dominada pela hipocrisia, pela desonestidade, pela guerra, pelo desamor e pela violência que parece insanável.

O Homem segundo o Vedánta-

Segundo o Vedánta, temos não somente um corpo (sháríra) (6) físico, porém mais dois outros, não-físicos.

São, portanto, três estruturas:

1) sthula sháríra (corpo físico), que tão bem a medicina conhece;

2) sukshma sháríra ou corpo sutil, objeto das terapias vitalistas (acupuntura, pranoterapia, do-in, etc.);

3) karana sháríra, ou corpo causal, pois é aquilo que causa os dois outros.

O modelo vedantino mostra também o Homem formado por cinco revestimentos (koshas), todos eles incessantemente cambiando, fluindo, e, por isso mesmo, ilusórios, inconsistentes (máyá):

1) annamáyákosha - o envoltório (kosha) formado pela modificação (máyá) que se processa nos alimentos. É nosso corpo físico, o sthula sháríra. Veja o capítulo A Máquina do livro Saúde Plena: Yogaterapia (página 242). O nome é bem ajustado. Que é nosso corpo físico senão o que resulta do metabolismo do que comemos? O feto é formado pelo alimento fornecido pelo organismo materno;

2) pránamáyákosha : envoltório (kosha) formado pelas energias (pránas) que regulam e mantêm as cinco funções orgânicas e, portanto, nos mantém vivos e sadios;

3) manomáyákosha : estrutura confeccionada pelas emoções e estados d'alma; é formada pela mente e pelos cinco sentidos (jñánendriyas);

4) vijñánamáyákosha ?:estrutura (kosa) cambiante (máyá) constituída pelo intelecto, que é a faculdade pela qual somos conscientes de nossos próprios conhecimentos e realizações; é ela que comunica o sentido de ser 'autor' das ações. Para não ficar uma dúvida, esclareço: a mente deseja, quer, enquanto o intelecto conhece, raciocina e decide;

5) ánandamáyákosha  é a estrutura (se é que se pode falar assim) cambiante, que se encontra num plano no qual a mente e o intelecto funcionam livres dos problemas e misérias que sempre os acompanham, daí o nome ananda, felicidade, bem-aventurança. Trata-se do estado de felicidade que desfrutamos no sono profundo ou sono sem sonho, já muito próximo da Realidade Átmica ou nível quântico, onde curas instantâneas e mesmo tidas por impossíveis acontecem.

Tradição sufi- 

Na linha da tradição sufi, o coração (qalb) é visto como o “órgão sutil da percepção mística”, capaz de refletir a cada instante a presença diversificada das teofanias[7]. Na medida em que se encontra purificado e “polido”, o coração é capaz de refletir e acolher todas as formas. Como assinala o místico persa Rûmî (1207-1273), é a luz do coração que ilumina o olhar, porque animada pela Luz de Deus (MI:126-127[8]). O coração é visto como o órgão que possibilita o autêntico conhecimento (ma´rifa) e a intuição compreensiva do mistério sempre maior.
Deve primeiro ocorrer a mudança psíquica, onde a alma divina mais íntima transforma a egoística alma-desejo de modo que oindivíduo é capaz de sentir a Presença Divina dentro e fora de si e perceber o mundo como um jogo
de puro deleite em uma multidão de centros interrelacionados. Juntamente com a mudança psíquica
deve ocorrer a mudança espiritual na qual a consciência recebe a descida dos poderes mais altos,
experiencia o Si universal único, realiza a unidade do transcendente, cósmico e individual. Por
último, deve sobrevir a transmutação supramental - aí a Supramente desce integralmente para
dentro de todas as regiões de nosso ser transformando-as em instrumentos perfeitos para a
expressão divina. Neste nível nós temos o ser gnóstico vivendo a vida divina sobre a terra:
"A evolução no Conhecimento poderá ser a mais bela e gloriosa manifestação com mais vistas
sempre desenvolvendo a si próprias e, em todos os modos, mais intensiva que qualquer evolução na
ignorância poderia ser. O deleite do Espírito é sempre novo, as formas de beleza que este toma é
inumerável, suas divindades sempre jovens e o sabor do deleite, rasa, do eterno Infinito inexaurível.
A manifestação gnóstica da vida poderia ser mais plena e frutífera e seus interesses mais vívidos
que os interesses criativos da Ignorância; poderia ser um maior e mais feliz constante milagre." (1)



EDUCAÇÃO INTEGRAL de Sri Aurobindo-

Decorrente da visão de Sri Aurobindo e formulada em termos prático-vivencias por Mira Alfassa, A Mãe. Segundo ela, tal educação abrangeria os cinco principais componentes do ser humano: o físico, o vital, o mental, o psíquico e o espiritual. A educação integral visaria :
"a realização simultânea de dois movimentos interligados: de um lado, o ajudar o ser a encontrar sua lei de crescimento característica e missão central e caminho, e crescer de conformidade com eles; junto com isso fazê-lo ver e com força sentir a unidade que tudo forma e como cada um de nós, integrando esta unidade, é um de seus múltiplos elementos, minúsculo em relação à imensidade do todo e, no entanto, indispensável para seu existir..." (Rolf Gelewski, 1977).


 EVOLUÇÃO


No Princípio Era o Verbo

Antes da Existência existir, apenas o Não-Existente existia. O Não-Existente, a Consciência original, o Transcendente, é alguma coisa que a mente humana não pode compreender. Os antigos Rishis da Índia representaram este Transcendente através de três atributos: Sat-Chid-Ananda – Ser, Consciência, Deleite. É Ser e ao mesmo tempo Consciência-Força (ou Força Consciente) e também Deleite. É a unidade original de todas as coisas, que contém todas as possibilidades unidas, sem diferenciação. Um Vazio pleno de Poder, um Potencial infinito de criação. O Verbo: Potencial de Ação, Vontade.

O Porquê da Criação

Essa Existência-Consciência infinita tinha o Deleite de todas as coisas em uma Unidade perfeita. Apenas um deleite não possuía ainda: o deleite da unidade na multiplicidade. Este foi, segundo o pensamento indiano antigo, o motivo da criação-manifestação: o puro Deleite dessa Unidade em múltiplos centros de consciência individualizados. Poder-se-ia dizer que a Manifestação foi impelida pela necessidade inevitável de ampliação da Totalidade dessa Unidade original – o Transcendente – que, sem esse Deleite na Multiplicidade, seria uma totalidade incompleta. Do ponto de vista do Transcendente, então, o motivo-motor da Criação é o Deleite Divino Uno na Multiplicidade através do desdobrar-se das possibilidades infinitas contidas no Divino (a pura alegria da atividade criativa, a Dança extática de Shiva).

A Manifestação (Criação)

A Unidade Infinita, indissolúvel, imutável, através de sua Vontade, transformou parte de si mesma na Criação, permanecendo uma outra parte não manifestada, isto é, Transcendente. Dessa forma, a Criação não é algo projetado para fora do Transcendente, mas é o próprio Transcendente manifesto através da separação da Unidade em polaridades (consciência-inconsciência, bem-mal, etc.) lançadas no Tempo e Espaço. O Processo da Manifestação é a condensação em graus cada vez mais densos da Consciência-Força original, seguido da formação de estruturas cada vez mais complexas dessa energia condensada. Dito de outra forma, a Consciência-Força original precipitou-se até a Inconsciência primordial, seu oposto, para daí iniciar um processo de diferenciação na Multiplicidade. Cada núcleo dessa Consciência assim multiplicada tem a possibilidade de ser consciente de si mesmo e também consciente da unidade original. Nessa perspectiva, cada elemento da manifestação é então parte do próprio Criador. A Matéria é, assim, o próprio Divino manifestado, inconsciente de si próprio.

Involução

O processo de precipitação da Consciência Divina através de sucessivos graus até o Inconsciente na matéria bruta é chamado por Aurobindo de Involução. Dessa forma, a Matéria contém todas as potencialidades do Divino involuídas em si própria. A Matéria é o próprio Divino inconsciente de si próprio.

A Natureza da Evolução

A Evolução é a manifestação progressiva das potencialidades ocultas na Matéria. É primariamente uma evolução da consciência, apoiada pela evolução de formas que suportam essa consciência. É o desvelar, o desabrochar da consciência divina na matéria.

As Etapas da Evolução

Inicialmente havia somente a Matéria inerte. Então, o plano da Vida manifestou-se na Matéria, transformando a própria matéria inerte em matéria viva. A ampliação e diversificação das formas de vida (microscópica, vegetal e animal) possibilitou o surgimento da Mente na matéria viva. A ampliação e diversificação das formas de mente (uma mente subliminar e mecânica nas formas vegetais e uma mente vital e mais consciente de si própria nas formas animais) possibilitou o surgimento da mente humana, mais poderosa, rica e flexível. A ampliação da mente humana, inicialmente física e vital, posteriormente mental e intelectual e finalmente psíquica e espiritual, possibilitará o surgimento de um novo princípio de consciência na raça humana – a Supramente. Um poder já existente – a intuição – aponta para o próximo degrau da consciência humana: um conhecimento espontâneo, um repentino “lembrar-se” de algo já conhecido. Aurobindo afirma que a Supramente não é ainda o cume da Evolução. Muitos outros graus de consciência devem ser alcançados.

O Propósito da Evolução

A cada etapa da Evolução, um grau mais alto de consciência é manifestado. A evolução posterior da Supramente levará à consciência de Sat-Chid-Ananda, a Consciência Divina original, fechando o ciclo da Manifestação. A consciência de que tudo é Um, a consciência da Unidade na Multiplicidade, e o deleite múltiplo dessa Unidade na Multiplicidade. Assim, a Evolução tem um propósito bem definido: manifestar a consciência divina na matéria. O Homem tornar-se-á Deus, ou melhor, recuperará a consciência de que é o próprio Divino em forma de centros de consciência divinos na multiplicidade.

Yoga e Evolução

Segundo Aurobindo, o Yoga é uma tomada de consciência e uma participação consciente e voluntária do indivíduo no propósito da Evolução. Inicialmente a Evolução primeiramente forma um novo e mais apropriado organismo para nele manifestar um grau de consciência mais alto. Com o surgimento do homem mental-espiritual o processo pode ser invertido, isto é, através do esforço pessoal e da graça divina, primeiro alcançar novos planos de consciência para, a partir desse grau, formar ou adaptar o órgão físico necessário para suportar e manter o grau de consciência alcançado.

Evolução, Uma Escolha?

A Evolução em si é inevitável, portanto não é uma escolha nossa. Mas colaborar conscientemente no processo da Evolução é uma escolha pessoal. A Evolução também é coletiva. Um pequeno avanço em uma parte auxilia o avanço do todo. O peso e inércia do todo dificulta o avanço da parte. Assim, qualquer pequeno passo de uma parte auxilia a evolução do todo.

Os próximos Passos

O mais alto estágio da Evolução na terra é a Mente, esta em três estágios na humanidade: a mente física, a mente mental e a mente espiritual. A manifestação de um mais alto grau de consciência pode ser facilitada pela Tripla Transformação: a transformação psíquica (abertura para dentro, o centro do coração), a transformação espiritual (abertura para cima, o centro no alto da cabeça) e a transformação supramental (descida da força supramental pela graça divina). Finalmente, não é suficiente alcançar a consciência divina, é necessário que esta Consciência desça e transforme o plano físico-material, divinizando também a matéria.

Evolução da Consciência
Sri Aurobindo afirma que a evolução é um progressivo desvelar da Consciência. Este desvelar inicia com a aparente inconsciência da matéria, passando pela consciência interiorizada do reino vegetal, alcançando a consciência já exteriorizada no reino animal, até chegar à consciência mental mais plena no homem. Mas a evolução não terminaria aí. O próximo passo nessa escala ascendente de graus de consciência seria a manifestação de um novo estágio de consciência, chamado por ele de Supramente. Nesse próximo nível o homem estaria próximo do estado de Perfeição Divina. A transição da consciência desde o estágio de inconsciência, subconsciência até o estágio mental, teria sido conduzida pela Natureza através de processos de tentativa e erro, segundo esta direção predeterminada. A transição da consciência mental até o estágio supramental estaria, da mesma forma, sendo preparada pela Natureza através dos processos naturais da vida no ser humano. Nessa perspectiva o Yoga é somente uma participação ativa nesses processos da Natureza visando acelerar essa transição. 

Sri Aurobindo diz que “a vida toda é um Yoga da Natureza buscando manifestar Deus em si mesma”
“o yoga é uma participação consciente do indivíduo no propósito da Natureza”.

Conclusão:


Krishnamurti, citado por Crema (1988), avalia bem o estado atual da sociedade conduzida por esse paradigma: "Temos o progresso técnico, sem um progresso psicológico equivalente, e por esse motivo há um estado de desequilíbrio; têm-se realizado extraordinárias conquistas científicas e, no entanto, continua a existir o sofrimento humano, continuam a existir corações vazios e mentes vazias. A maioria das técnicas que aprendemos se relacionam com a construção de aeronaves, com os meios de nos matarmos uns aos outros. (...) Um coração vazio mais uma mente técnica não faz um ente humano criador; e como perdemos aquele estado criador, produzimos um mundo extremamente desditoso, talado por guerras, dilacerado por distinções de classes e de raças. Cabe-nos, pois, a responsabilidade de operar uma transformação radical em nós mesmos."

  No meu ponto de vista,  história da educação apresentou meios que não supriram as demandas humanas.
A educação não pode se submeter nem ao Estado , nem a Igreja.A educação tem de conquistar sua independência para melhor orientar o ser-humano para sua liberdade e potência.
 O ensino consiste na transmissão de conhecimentos significativos, enquanto a doutrinação é uma psedo-educação, que não respeita a liberdade do educando, impondo-lhes conhecimentos e valores.Nesse processo todos são submetidos a uma só maneira de pensar e de agir destruindo-se o pensamento divergente e mantendo-se a tutela e a hierarquia.
 Segundo Froebel:"A humanidade ainda está em processo de desenvolvimento , e a educação ainda é a melhor solução para um futuro melhor."
 O Yoga apresenta uma cultura que fornece meios para a busca da vinculação do indivíduo com o todo. E essa busca não é restrita ao homem oriental, ela está na essência humana, sem fronteiras geográficas e é atemporal. Desenvolve ideais de sabedoria e poder de ação.
O yoga é um estilo de vida que se adotado automaticamente mudará a educação.A tecnologia yoguica articula as partes do ser-humano e as conecta ao todo infinito dentro dele mesmo-quer uns chamem de Deus , Tao, Brahmam,  Fonte,Todo, etc.,- dialogando socialmente com outros seres humanos ao expressar-se éticamente com  valores universais, dentro de uma dinâmica humanista.
Sugiro que montemos um quebra-abeça desse ensaio longo, das palavras grifadas para formatar um todo possível para a educação no yoga, que é a própria Vida: um quebra -cabeça, onde re-criamos nossas partes com o todo onipresente e onisciente!

Patrícia
NAMASTE! 
(A essência divina que mora em mim, saúda a essência divina que mora em você!)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A universalidade do ser-humano na ética e na moral yogi











O fundamento do Yoga, como de toda espiritualidade autêntica, é uma ética universal.


Mas como a ética e a moral tem influenciado, ou não, nossas vidas?Será que conseguimos discernir entre as duas?Sugiro que antes de prosseguir na leitura, façamos uma inspiração acessando nossos conhecimentos prévios para tentar responder essas questões antes de continuar .Minha intenção é compartilhar minhas novas descobertas após uma melhor compreensão desses significados. Pois até então, achava que moral estava ligada á religião . Tinha também da moral uma referência do moralismo, os grupos que perdem a conexão com o seu tempo, congelando suas crenças , perdendo o diálogo com a realidade. Assim, querendo não fazer parte desses grupos, e baseada no conceito de arte de Oscar Wilde: “a arte não é moral nem imoral, mas amoral” , me intitulava sendo"amoral" e portanto sempre optava por usar a palavra ética.Resolvi me voltar novamente á esses princípios examinando-os na interação de meus papéis de professora de yoga, atriz e de mãe .

Antes de entendermos a moral yogi vamos compreender melhor as semelhanças e as diferenças dessas duas palavrinhas.A tendência a serem tratadas como a mesma coisa é porque tem etimologicamente o mesmo significado, embora as origens são distintas:

Moral vem do latim "mores", que quer dizer costume, conduta, modo de agir; Ética vem do grego "ethos" , que quer dizer costume, modo de agir.Moral é um conjunto dos valores , de certo e errado, bem e mal, justo e injusto, permitidos ou proibidos no indivíduo, sociedade e grupo,portanto como costumamos ver, o mesmo fato pode ser avaliado certo por um grupo e errado por outro.Esses valores são adquiridos pela educação, pela tradição e pelo cotidiano.É o objeto de estudo da ética.Portanto ao falarmos em "ética socialista";"ética católica", "ética protestante", "ética nazista", confundimos ética com moral.É a ciência dos costumes.É eminentemente prática.A Moral tem caráter obrigatório.

Ética é a ciência da moral, e a tem como seu objeto de estudo. É o conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, o bem-estar social,ou seja, ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. A ética avalia os costumes, aceitando-os ou reprovando-os. É a discussão da moral, a examinadora da moral.É a ciência que estuda o comportamento moral dos homens na sociedade.É teorica e reflexiva.

Vamos ver um exemplo, O protocolo de Quioto:
A primeira reunião entre os países foi em 1997.Cada país levou sua moral de conduta em relação á emissão de gases. Esperaram os seis "maiores" países aderirem se reunindo todos os anos até fecharem um documento final em 2004.Os Estados Unidos ficou de fora, não é novidade!Pois bem, enquanto não saia o documento final, o estudo da moral de cada país para buscar a melhor forma de agir coletivamente, avaliando os costumes, é o exercício da ética entre eles, procurando uma conduta final de ação (moral) de povos e governantes sobre a emissão de gases.O documento assinado em 2004 , transformou-se na nova conduta -moral- de todos. Assinado, ele vira um documento de ordem moral,e como toda moral, basta cumprir.

Assim, a ética muda as morais e as moralidades no seu exercício das situações.

Toda cultura, grupos e sociedade institui uma moral. Porém, a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida, como vimos, de filosofia moral, ou seja, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais.Cabe aqui lembramos dos países Teocráticos, onde a religião e o Estado estão juntos na administração da sociedade ,tornando quase impossível o exercício da ética nesses países.Alguns exemplos são como no Vaticano, regido pela Igreja católica e no Irã, que é controlado pelos aiatolás, líderes religiosos islâmicos .É na democracia e nos Estados Laicos que temos um maior exercício dela.Pelo menos na teoria!
Os conceitos de leis e morais nem sempre andam juntos .Vemos algo que é imoral e ilegal como a pedofilia .
E algo imoral e legal como os salários dos políticos.Cabe lembrarmos aqui dos países Cleptocraticos, Estados governados por ladrões, como o Brasil agora.


Ao palestrar aqui em São Paulo, Dalai Lama disse que"o desenvolvimento de uma ética secular é extremamente necessário à humanidade. Nós vemos aqui em São Paulo um número cada vez maior de prédios e prédios cada vez mais altos. Mas ao mesmo tempo, na perspectiva de valores internos, pode ser visto um declínio, o que mostra um contraste. É aí que vemos corrupção, injustiças sociais e esses acontecimentos demonstram uma falta de valores morais, uma falta de fortalecimento de tradições éticas. E também existem no nível de relações internacionais, os países mais poderosos que tem uma cultura autoritária sobre os mais frágeis" e continua:
"Uma pergunta que faço a vocês: aqui no Brasil, qual é o tamanho da distância entre ricos e pobres? Vocês estão felizes com esse hiato? Outra questão muito importante é a corrupção. Ela entrou pelo mundo todo, oriente e ocidente. Como é aqui no Brasil, ela existe? É pequena ou grande? Se olharmos para a situação da Índia, veremos que é hoje um pais extremamente democrático. A democracia se instalou firmemente na Índia. O poder judiciário é completamente independente e há total liberdade de imprensa. Diferentemente do que ocorre na China. Na Índia o governo é eleito pelo povo. Os governantes são responsáveis perante a população. Comparado com regimes totalitários a democracia é muito melhor, mas ainda assim existe a corrupção.Então, é necessário, por meio da educação, criar um sentido de responsabilidade e preocupação com o outro, um sentido de que formamos uma comunidade e temos responsabilidade perante essa comunidade. E isso faz aparecer um sentimento de igualdade entre os seres. É importante registrar que para desenvolver esse tipo de valor é necessária uma visão de longo prazo, e é necessário reproduzi-la no sistema educacional, começando desde a infância e chegando até a universidade. Os valores internos fazem parte de uma vida feliz e são fundamentais para que uma pessoa seja feliz, par que uma família seja feliz, para que um país seja feliz e para que um planeta seja feliz.”


Cabe a nós uma auto-análise investigativa se nossos modos de agir e nossos costumes são totalmente nossos, ou nossos até que ponto?Sendo inevitavelmente moldados pela sociedade cultural na qual nascemos, importamos uma moral que as vezes não combina conosco.Até onde fazemos nossas escolhas?
Infelizmente a maior parte do mundo impõe uma moral capitalista em detrimento com a manutenção e celebração da vida.
Em sua crítica radical á sociedade capitalista, Herbert Marcuse argumentava que a super abundância das sociedades capitalistas deixara a classe trabalhadora impotente pela produção de um edifício de “necessidades falsas”, por meio dos efeitos da propaganda, por exemplo, que dominava os indivíduos de fato ao privá-los das verdadeiras escolhas.

"As pessoas reconhecem a si mesmas em seus artigos de consumo; elas descobrem as próprias almas em seus automóveis, seus aparelhos de som, suas casas de vários níveis, em seus apetrechos de cozinha." (Herberte Marcuse,Homem Unidimensional)

Realmente lapidar nosso modo de agir com a nossa consciência não é tarefa fácil.

Lawrence Kohlberg , professor, conhecido pela sua teoria dos níveis de desenvolvimento moral , acreditava que este ocorria ligado ao desenvolvimento cognitivo, e não simplesmente por a pessoa crescer e ficar mais velha.
Identificou três níveis de desenvolvimento moral, cada um, por sua vez, compreendendo duas etapas:

No primeiro nível , “pré convencional” as noções de certo e errado são determinadas pela autoridade e pela possibilidade da punição; (Como eu posso evitar a punição?)
na segunda etapa, pelo fato de a ação ser ou não recompensada.(O que eu ganho com isso?)

No “nível convencional”,que é alcançado pela maioria dos adolescentes e dos adultos, o raciocínio moral está intimamente ligado à participação em grupos sociais mais amplos.Na primeira etapa desse nível, considera-se boa ação aquilo que merece a aprovação dos outros;(Orientação "bom moço"/"boa moça") na segunda etapa, o que está de acordo com a lei e o bom comportamento.(Moralidade "Lei e Ordem")

O nível “pós-convencional”, na primeira etapa, a visão de mundo de quem está neste estágio é a de que no mundo existem pessoas de diferentes opiniões, direitos, e valores. O correto é apoiar os direitos, valores e contratos jurídicos de uma sociedade, mesmo quando estão em conflito com as normas concretas do grupo .Orientação "Contrato Social"
Já o raciocínio moral na segunda etapa desse nível, que na visão de Kohlberg só é alcançado por um quinto da população, quase nunca alcançado,é o dos princípios universais éticos. As leis e acordos sociais só são válidos na medida em que derivam de tais princípios. Envolve a referência a noções universais como justiça, dignidade humana, a santidade da vida humana, e assim por diante.Princípios éticos universais (Consciência principiada)


Por isso, para ajudar as pessoas a avançarem para níveis mais altos , como John Dewey, filósofo e pedagogo americano aconselhou, é preciso construir sistemas de educação nos quais as pessoas estejam ativamente implicadas em seu próprio aprendizado.

Encontramos essas noções universais de moral de Kohlberg , também no yoga.

Os dois primeiros passos no caminho do yoga são dados afinando nossas escolhas pessoais e coletivas de conduta moral e ética: são os Yamas e os Nyamas.

Os Yamas regula as interações sociais do yogi harmonizando seu relacionamento com os outros,os demais seres vivos e o meio ambiente.Significa domínio. Desempenham o controle dos impulsos naturais, que se manifestam através dos cinco órgãos de ação (karmendriyas): braços, pernas, boca, e órgãos sexuais e excretores.Comparado às raízes da árvore, porque é a fundação a partir da qual cresce todo o resto. Aquilo de não devemos fazer.São 5 proscrições :
1.Ahimsa:não -violência; incluindo alimentação vegetariana;
2.Satya:veracidade, não mentir;
3.Asteya:não roubar; não me apropriar do que não é meu;
4.Aparigraha:não cobiçar;não adquirir mais que o necessário;
5.Brahmacharya:controle do prazer sensual

Os Nyamas organiza a vida pessoal , são as cinco prescrições psicofísicas. Essas atitudes cumprem a função de domí­nio sobre os cinco órgãos de percepção (jñanendriyas): olhos, ouvidos, nariz, lí­ngua e pele. Esse controle dos sentidos aponta à organização da vida pessoal e interior do praticante, harmonizando o seu relacionamento com a vida em geral e com a Realidade transcendente.Comparada ao tronco da árvore, pois vem depois das raízes(yamas). São eles:
1.Sauchan:limpeza, purificação, eliminação de impurezas do pensamento;
2.Santosa:contentamento, estado interior de alegria permanente independente dos fatores externos;
3. Tapas:esforço sobre si próprio, disciplina, auto-superação;
4.Svadhyaya:estudo das escrituras e seu auto-estudo proporcionando um auto-conhecimento;
5.Ishvarapranidhana:entregar incondicionalmente as ações e seus frutos a uma vontade superior à sua própria, entrega a Ishvara (Senhor, Deus pessoal).Pode entender-se como auto-aceitação no momento presente ou, ainda, como serviço à Humanidade.


E a ética yogi?Seria certo usarmos tanto a palavra ética ou moral yogi?E como discernir a ambas em sua aplicabilidade?


Ora, se sigo a moral yogi há muitos anos, descobri que não posso ser amoral, embora a amoralidade também permeie algumas ações minhas. Essa suposição se faz correta somente no meu papel de atriz, pois o teatro é um espaço livre onde todas as coisas podem ser ditas, onde todos os dramas da humanidade expressa-se com morais diversas, para o espelhamento e inevitável auto-conhecimento da humanidade.Assim, no palco deixo algumas vezes minha moral de lado e visto outra , desapegadamente, através da necessidade do personagem.Acabada a peça, volto a agir deliberadamente com minha moral que é a mesma como professora de yoga, pois se o yoga é para mim uma maneira de se viver, eu me esforço para seguir conivente com essa ética universal .Como vimos que a moral tem caráter obrigatório, estabelecido para ser cumprido, assim devo agir no papel de professora de yoga :exercer a moral yoguica e ponto.


Agindo assim, apesar da difícil tarefa de educar num país onde os políticos roubam deslavadamente na louvação do deus dinheiro, uma vez que o coloca acima de qualquer valor humano, exerço o exercício da ética yogica, ao orientar meu filho com esses valores em detrimento dos valores corrompidos da Kali Yuga em que vivemos, ao conversarmos sobre os conflitos de condutas.

Ao conhecer os oito passos de Patanjali, dos quais B.K.S. Iyengar chamou-os afortunadamente de 'A árvore do Ioga" comparando-os desde a raíz até os frutos, dos quais os dois primeiros são os objetos de nossa analise aqui nesse texto- yamas e nyamas- notei que meus preconceitos em relação á moral e a seguir normas pré-estabelecidas veio á tona.Mas durou muito pouco ao me deparar com uma profunda identificação dos valores que o yoga propõe, bem como a maneira que devamos utilizá-los:de modo natural, de dentro pra fora, conquistando-os.Minha identificação íntima com tais princípios ficou bem a vontade ao perceber que já agia naturalmente de acordo com a maioria deles , e o restante conquistei-os por meio de alguns ajustes que a própria práxis do yoga foi me modelando, sem tempo pré- determinado ou imposto.Não tem um cunho moralizante impondo-o seus preceitos.Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como

"Um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.

O antropólogo e filósofo Edgar Morin propõe uma ética do gênero humano, concebida como “antropo-ética”. Tal ética supõe a decisão de assumir a complexidade da condição humana, buscando a compreensão da humanidade na consciência de cada ser, assumindo o destino humano em suas antinomias:

"A antropo-ética compreende, assim, a esperança na completude da humanidade, como consciência e cidadania planetária. Compreende, por conseguinte, como toda ética, aspiração e vontade, mas também aposta no incerto. Ela é consciência individual além da individualidade." (MORIN. 2002. p 106)


Em seu livro "O valor dos valores", Swami Dayananda Saraswati, nos faz pensar sobre o que consideramos um valor ao perguntar :Qual o valor que um valor possui para mim mesmo?

Dayananada diz que todos os objetivos que alguém procura na vida cabem em quatro categorias: segurança, prazer, dharma e liberação. Os desejos de riqueza e segurança e de prazeres sensoriais são compartilhados por todos os seres vivos.
Quando se trata de animais, a busca desses bens é governada pelo instinto. A vaca masca a grama por instinto, não por escolha. Toda ação envolve escolha de finalidades e meios para atingir um dado objetivo.
Cada um pode agir em harmonia com sua natureza, em contato com outros indivíduos ou dentro da sociedade, ou pode não fazê-lo.
Assim, para o ser humano, são valores que governam as ações ou a busca de segurança e prazer.
Uma vez que valores são sujeitos a variações e mudanças, cada um deve ter um conjunto de linhas de conduta que governe seus valores.
Esse conjunto - ética - é chamado dharma.A palavra dharma é derivada da raiz sânscrita dhr, que tem certo número de significados, sendo os principais "existir, viver, continuar" e "segurar, suportar, sustentar", refere-se à natureza ou caráter do que quer que seja. Nessa ordem de idéias, é possível falar do dharma de um objeto inanimado, ou de plantas e animais.
O dharma, ou natureza, do fogo é proporcionar calor e luz.
O dharma de uma vaca inclui dar leite e pastar. O dharma da vaca não inclui ficar à espreita e matar presas.
A natureza do ser humano, como ensina o Vedanta, é a plenitude absoluta. E é em relação ao indivíduo que não reconheceu sua própria plenitude que dharma pode ter diversas mudanças de significado.
Assim, ao desconhecer nossa natureza, nossos costumes variam de acordo com a ocasião e seguimos querendo realizar os desejos de nossos sentidos sem agir deliberadamente.

Dharma inclui tanto uma ética do bom senso, escolher minhas ações de maneira a não agredir os outros, como uma ética religiosa, que diz não me ser possível escapar dos resultados das minhas ações. Ações corretas ou incorretas levam a resultados conseqüentes, seja nesta vida ou depois dela.

Piaget, estudioso de epistemologia genética e de como as crianças adquirem conhecimento, disse que as crianças adquirem valores morais não por internalizá-los ou absorvê-los de fora, mas por construí-los internamente, através da interação do ambiente, caminhando assim á aquisição de sua autonomia moral.

Impor a moral de fora para dentro, é uma imposição parecida como querer fazer com que uma árvore cresça colocando as folhas a partir do exterior.

As folhas nascem de dentro da planta e cada planta ou animal se desenvolve de dentro para fora, com sua própria organização.


Depois de descobrirmos o valor que um valor tem para nós,escolhendo nossas ações , temos um segundo passo importante que é nos perguntar até que ponto nossos valores caminham com integridade com nossas ações, resumindo, se a corrompemos ou não.Temos de enxergarmos a corrupção em nós, antes de acusarmos os políticos, para podermos ser a transformação que queremos ver no mundo.
Percebemos assim, que a importância de descobrirmos nossos valores é fundamental para nossas ações.É bem simples.Basta repararmos na dificuldade que a maioria das pessoas tem em agir deliberadamente , principalmente em situações inusitadas...não apresentam a presteza e a totalidade pois estão querendo seguir regras ou costumes alheios descabíveis as vezes naquela ocasião.
Por isso, nos firmarmos em nossos valores nos dá a base para agirmos criativamente e deliberadamente nas situações cotidianas e aquelas que fogem do protocolo programado.

Então, o agir criativo deliberado é a flor da consciência.E o que é a flor da consciência?
É o poder (ação) de Shakti!

É o poder de Shakti , ou seja, ação com a força(valores) de Shiva(consciência)

Assim, o objetivo da educação é EMANCIPAR o sujeito, Libertá-lo, e não encher-lhe de informações inúteis.

Ética é teoricamente reflexiva enquanto que a moral é prática.A moral normatiza e direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza sobre suas condutas, estudando suas concepções que dão suporte à moral.
Portanto os yamas e nyamas fazem parte da moral yogi . Ambos são práticos. Mas os yamas ajustam o relacionamento do yogi aos outros. Se em nossa conduta para a interação na sociedade, precisamos refletir sobre os valores que nos deparamos, nem sempre iguais aos nossos , quando pensamos em ética é para os yamas que temos de olhar.Pois os yamas são mandamentos morais universais ou disciplinas éticas que transcendem credos, países, épocas e tempos.

Viver em yama e nyama é estar acordes com minha natureza humana , intrínsica a todos, é agir de acordo com valores que sustentam meu dharma.

Como disse acima, não é fácil lapidar nosso modo de agir com nossa consciência, porém, é bem verdade que o yoga, como arte de descondicionamento, facilita nossa jornada despindo-nos de tudo que não nos pertence, ajudando-nos a nos livrar de morais alheias à nossa natureza, refinando nossas escolhas para nosso bem viver.

Agora o ponto que vejo o yoga como uma ética universal não é exatamente pelos yamas e nyamas, mas pela flor da consciência que faz nascer no sujeito, derrubando os condicionamentos e amadurecendo-o para fazer suas próprias escolhas..

Pois vejo que o maravilhoso do yoga não é que há "leis morais" para seguir e pronto.O yoga acorda nossa consciência, e está desperta já faz todo o trabalho, pois nessa condição você responderá a cada situação de acordo com sua consciência, e essa não é capaz de fazer nada que seje ruim.Qualquer coisa que surja da Consciência é bela e correta.

Moral é a ação , e ética é a reflexão dando suporte para tais ações,o bom senso que avalia a moral e , ambas são o caminho que me faz cumprir meu dharma .E cumprindo o dharma vou reconhecendo a minha própria natureza como plenitude e totalidade, chegando no quarto objetivo desejado - o que dá fim a todos os demais desejos e objetivos - é moksha, a liberação .


É ter a liberdade de exercer nossa natureza de plenitude , paz a alegria.

Em época de ocupação da Wall Street, onde a crítica ao sistema capitalista brada aos quatro cantos do mundo “Queremos a Vida, e não a Bolsa!”, cabe a todos nós pensarmos que é chegado o momento de discutirmos essa moral capitalista do mundo trazendo uma ética a favor da Vida, partindo de nossa conduta individual.

Como uma ética universal, os fundamentos do yoga estuda a moral dos homens e discuti sua conduta, enxergando o ser humano no seu viés antropológico ao entender a natureza humana que a todos uni - de quaisquer religião , crença ou país:
a natureza de valorizar a Vida, a ser vivida na liberdade de sua plenitude!

Namaste!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Sri Aurobindo CENTRO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO

Para saber em prol do conhecimento, para estudar, a fim de conhecer os segredos da natureza e da vida, para educar-se para crescer na consciência, para disciplinar a si mesmo para se tornar mestre de si mesmo, para superar nossas próprias fraquezas, incapacidades e da ignorância , preparar-se para avançar em vida rumo a uma meta que é mais nobre e mais vasto, mais generoso e mais verdadeiro ....

Sri Aurobindo International Centre da Educação é parte integrante do Sri Aurobindo Ashram e serve como um campo para nova experiência e pesquisa em educação. Sri Aurobindo considerada a formação de um Centro de Educação como um dos melhores meios de realizar esse fim. Era, portanto, a fim de dar forma concreta à sua visão de que a mãe abriu uma escola para crianças em 02 de dezembro de 1943.

SAICE: Jardim de Infância Actualmente, o Centro de Educação tem disposição para a educação do jardim de infância para os níveis superior e avançado de estudo. Tem as Faculdades de Ciências Humanas, Linguagens, Ciências, Tecnologia, Engenharia e Educação Física. Há também facilidades para o aprendizado de Desenho e Pintura, Música e Dança (indiana e ocidental), Dramática e Artes e Ofícios. Além disso, as instalações são fornecidas para o trabalho prático e manual. Existem também várias bibliotecas seccionais e laboratórios.

Como o próprio nome sugere, o Centro é de caráter internacional. Aspira a representar aqui as culturas das diferentes regiões do mundo, de tal forma a ser acessível a todos. O ideal é que cada país com sua cultura diferente deve ter uma contribuição própria para fazer para que ele iria encontrar um interesse prático e concreto em uma síntese cultural.

Medida em Educação Física está em causa, que ocupa um lugar muito importante na vida do Ashram e, portanto, no Centro de Educação. Pois, "A vida divina em um corpo divino é a fórmula ideal do que prevemos".

"O programa básico", a Mãe enuncia, "será a construção de um corpo, bonito na forma, na postura harmoniosa, flexível e ágil em seus movimentos, poderoso em suas atividades e resistentes em sua saúde e função orgânica."

Um programa racional e bem conduzidos que inclui atletismo, ginástica, exercícios, combatives, jogos aquáticos e de campo foi riscado para fora e os alunos participam nestas actividades, todas as noites.

Sportsground, SAICE, Pondy Concursos e torneios estão espalhados ao longo do ano, ajudando a manter o espírito competitivo e dar impulso para o impulso para o progresso. Atenção individual é pago para cada aluno e são tomadas medidas para inculcar uma aspiração nele não só para ter um corpo saudável, mas também para adquirir graça e força, beleza e resistência, e avançar para a meta da perfeição física.

Afinal, a criança é essencialmente uma alma com um corpo, energia vital e mente para ser harmoniosa e integralmente desenvolvidos. A educação é, portanto, organizado de modo a garantir:

  • o maior desenvolvimento possível do físico;
  • uma canalização fecunda da vida-energia em atividades que contribuem para o crescimento da personalidade;
  • uma formação suficiente das faculdades mentais nas áreas de Humanidades e Ciências diversas, e
  • a ajuda necessária, através de uma atmosfera espiritual poderosa, para a alma para vir para a frente e, gradualmente, começar a governar o resto do ser.

Assim, pode-se notar que o objectivo da educação como acompanhados no Centro não é preparar o aluno para "sucesso" na vida e na sociedade, mas para aumentar a sua perfectibilidade ao máximo.

Em consonância com estes objectivos e ideais, o Centro de Educação prêmios não graus ou diplomas, um de seus objetivos de fornecer um ambiente onde o conhecimento é procurado por uma questão de conhecimento, para a edificação do caráter e, sobretudo, para o alegria de aprender.

domingo, 6 de novembro de 2011

Homem, Educação e Meio Ambiente: uma perspectiva de integração-

por Patililah

A educação é uma grande mediadora entre o homem e o meio em que ele vive.

O egoísmo do homem torna-o individualista, fazendo-o crer que a natureza está aqui para servi-lo, retirando dela suas necessidades,agredindo-a, cego para os efeitos que tal visão separatista pode causar.Nessa cegueira , o homem acha que os animais que moram nesse mesmo planeta, foram criados para servi-lo de alimentação ou vestimenta, desrespeitando-lhes a vida!

A educação mostra ao homem que ele pertence a essa natureza.Ao se sentir pertencente e participante do meio ambiente, ele evolui para uma individualidade harmoniosa com o todo.

Para dar esse passo evolutivo o homem tem de aprender a capacidade de observação de si, dos outros e do espaço em que vive, para compreender a complexidade da manutenção da vida.Perceber-se parte de um complexo sistema de planeta que contém além da vida humana, a vida animal, a fauna e a flora em ininterruptas interações co-dependentes.

Assim como há um príncipio autoorganizador dentro do corpo humano equilibrando nossas funções vitais, há na natureza que nos cerca também.Percebemos que nosso organismo funciona bem com uma temperatura média de 36,5 graus Celsius, e se esta se eleva um ou dois graus o caos se intala sofrendo o risco da vida.Assim, na natureza, se o clima do planeta sofre elevação de dois graus, o mundo inteiro torna-se caótico com o derretimento de geleiras e transbordamento dos oceanos podendo matar várias vidas.

Como todo sistema, as partes dão ao todo o que este precisa, portanto, se as partes derem ou retirarem, além da necessidade deste sistema, todo o sistema sofre, no micro e o macro, ou seja , no homem e no meio ambiente do qual faz parte.

Integrar então, seria participar conscientemente das necessidades do conjunto e das partes que o compõem, comunicando-se com toda a complexidade dos sitemas.

É importante o homem sentir-se parte do todo, e que o todo depende dessa parte que é o homem para a manutenção da vida.

Ao cortar uma árvore, o homem corta a natureza que está em si, acelerando seu processo de morte, pois ele interfere erroneamente no sistema autoregulador da natureza que mantem a vida .

Evitamos assim a consumir alimentos que prejudicam nosso organismo e o meio ambiente, como o excesso de consumo de carne, que prejudica não só o corpo humano, como causa desmatamentos nocivos na natureza.Evitamos também uma atitude consumista de querer possuir a mais do que precisamos, como por exemplo, mulheres que colecionam 2.000 pares de sapatos!

A máxima "Não façamos aos outros o que não gostaríamos que fizessem conosco" poderia ser a lição número um da educação para que ajude o homem a uma atitude reflexiva desses atos, voltando-o a auto-observação.Assim, o homem pensaria que gostaria de chegar numa praia e encontrá-la limpa, portanto , a deixará limpa quando sair.Entenderia que não gostaria, caso fosse um ser vivente no mar, como uma tartaruga , por exemplo, de encontrar plástico em sua barriga!

Essa capacidade de observação é o ponto em comum do estudo do homem e de uma educação física inteligente e do meio ambiente(ciências)

A capacidade do homem se auto-observar que a educação ensina, faz este a passar a entender seu funcionamento fisio-biológico(dele com seu corpo) e sócio-cultural,(a partir de seu corpo com os outros e o meio) ou seja, quando entende suas necessidades, pode elaborar sua vida para agir de acordo com elas e de como essas necessidades se transformam em ações conscientes de interação sem agredir o meio ambiente e aos outros.

Aprender uma ética pessoal e coletiva que resultem ações conscientes para a integração do homem, da fauna e da flora que habitam esse planeta é tarefa da educação, em outras palavras, a educação tem a tarefa de :

tirar o homem do individualismo egoísta e levá-lo a uma individualidade saudável e consciente para integrar no meio e com o meio em que vive.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O YOGA NA SALA DE AULA


A maioria dos professores cita a falta de concentração, a falta de autoconfiança e a indisciplina entre as dificuldades que atrapalham o bom desempenho escolar dos alunos/as. Uma das causas disto pode ser a exigente pressão a que são submetidos os jovens hoje em dia para concorrer e triunfar no mercado de trabalho.

Uma alternativa metodológica para enfrentar o estresse e a crise do ensino pode ser a utilização de exercícios simples de relaxamento e respiração, próprios do yoga, na sala de aula. Através de exercícios de relaxamento o aluno aprenderá a controlar o estresse e a ouvir melhor, assim como despertará a sua criatividade e recuperará a confiança em si próprio.

A associação "Pesquisa sobre o Yoga na Educação" (RYE: Recherche sur le Yoga dans l'Education) introduz a aplicação de técnicas do yoga nos centros de ensino como uma proposta pedagógica alternativa que favorece os processos de aprendizagem e pode ser aplicada pelos próprios docentes.

Em 1973, a Dra. Micheline Flak, professora de inglês e pesquisadora do Centro de Formação Docente no Centro de Ciências da Educação da Universidade da Sorbonne, Paris, realizou as primeiras experiências de aplicação de exercícios de yoga numa sala de aula, visando aprimorar o bem-estar e o rendimento escolar dos alunos/as.

Após reconhecer os efeitos benéficos do yoga, a professora Flak começou a aplicá-lo e pesquisá-lo sistematicamente como recurso pedagógico. Como resultado, ela fundou, em 1978, a associaão RYE e escreveu, em parceria com o professor Jacques de Coulon, o livro intitulado: "Crianças que triumfam. O yoga na escola". A obra fundamenta e analisa a experiência da professora Flak e apresenta uma série de 30 exercícios de yoga que podem ser aplicados em sala de aula.

É importante salientar que não se trata de aulas de yoga, mas de exercícios de respiração e de relaxamento que podem ser praticados, alguns minutos, durante as aulas. Segundo Flak, estes exercícios beneficiam a atividade cerebral, aumentando a concentração e a memória. Os alunos, cansados de ficarem sentados em sala de aula, logo descobrem seus benefícios e solicitam sua prática. Já para os docentes, que muitas vezes chegam tensos na sala de aula, o yoga lhes proporciona um importante momento de relaxamento.

A proposta que se traz é a de apresentar um método concreto de exercícios de yoga para guiar os jovens para uma melhor gestão e aproveitamento de sua energia. Relaxando quando for necessário e escutando melhor, os alunos aprendem a controlar o estresse, a despertar sua criatividade e a ganhar a autoconfiança freqüentemente perdida em face à concorrência implacável do mundo atual.
Yoga, que significa união em Sânscrito, e que faz referência à união entre corpo, mente e espírito, é uma filosofia que considera o ser humano como um todo, e é nesta concepção que é implementado o yoga na educação. O corpo é o instrumento e o recinto da mente e do espírito, e deve ser afinado para desempenhar harmoniosamente suas funções. E, no contexto escolar, o yoga pode ser considerado como um trampolim para a aprendizagem, visando desenvolver as potencialidades humanas.

As etapas de Patanjali

Em uma data incerta, um sábio chamado Patanjali mostrou o caminho que leva o ser humano ao pleno domínio de sua saúde física e mental. Ao escrever o Yoga Sutra, composto por 196 aforismos que fundamentam a filosofia do yoga, e que podem ser considerados como um mapa da alma, entrega-nos um código carregado de valor universal. O descobrimento de nossas potencialidades faz-se por etapas cuidadosamente programadas. É baseado nestas etapas que se organizam os exercícios de yoga praticados em sala de aula:

1. Viver juntos

O objetivo é conseguir que a criança viva a sensação de pertencer a um grupo "que viaja num mesmo barco". Pretende-se formar o espírito de equipe, desenvolvendo o sentido de responsabilidade diante do contexto. Os educadores são os capitães responsáveis pelo ambiente e pelo estado de ânimo de toda a tripulação.

2 . Eliminar toxinas e pensamentos negativos
Este segundo ponto, que é também denominado "limpar a casa", refere-se ao pensamento positivo. Ao cultivá-lo, a mente acalma-se e alivia-se de seu fardo de temores e angústias. Os exercícios de desbloqueio, de abertura, de irrigação do cérebro são partes da higiene básica da vida em sala de aula.

3. Adotar uma postura correta

A coluna vertebral é considerada como a "árvore da vida". Seu endireitamento e cuidado diário terão uma influência decisiva sobre o nosso comportamento psíquico e saúde física. Uma postura ereta estimulará a autoconfiança dos alunos e permitirá uma melhor movimentação do diafragma, causando uma melhor oxigenação do cérebro e do corpo em geral.

4. Respirar bem, ter calma

Aqui são equilibradas as energias através de um bom domínio da respiração. É possível sentir que respiramos com todo o corpo e não só com os pulmões. Exercícios respiratórios adequados conseguem tanto acalmar os alunos quanto energizá-los.
Quando experimentamos essa sensação em cada uma das fibras de nosso ser, nos invade um profundo bem-estar. A tomada de consciência de uma respiração amplificada é o segredo de um domínio potencial sobre nossos órgãos. Portanto, é um fator essencial para manter a saúde.

5. Relaxamento

Tal como as fotos são reveladas em uma câmara escura, as informações são gravadas na massa cerebral através do descanso, por isso a pausa é tão importante na aprendizagem. Se concedermos pausas em nosso tempo pedagógico, permitiremos que o aluno processe a informação que acabamos de entregar-lhes. Pequenos espaços de relaxamento, injetados no curso sob diferentes formas, permitem ao cérebro digerir e assimilar as informações recebidas. A pausa no trabalho também é necessária para recarregar as baterias.

6. Concentração

É neste nível que se joga a qualidade de aprendizagem em nosso ensino: concentrar-se, ser capaz de prestar atenção, escutar para reter o que devemos lembrar. Nas escolas é comum o professor chamar a atenção, ou até repreender os alunos que não prestam atenção. Mas são eles ensinados a se concentrar melhor?

Esta metodologia procura melhorar a concentração em duas etapas. A primeira é a de acalmar a mente dispersa concentrando-a, como um raio laser, num ponto único. Mas não basta acalmar a mente, o aluno precisa também aprender como aprender bem. Numa segunda etapa, os exercícios de yoga buscam reproduzir interiormente, de maneira consciente, as sensações e os conceitos.
É aqui que nos é de grande ajuda o cultivo dos sentidos interiores. Por exemplo, posso suscitar em mim a imagem de algo percebido no exterior, evocar um som, um cheiro ou voltar a encontrar uma sensação táctil. De tal modo, os conhecimentos que são incutidos não serão letra morta e sim um saber vivo.

O sábio Patanjali apresentou ainda mais duas etapas para trabalhar o aperfeiçoamento humano, vinculadas especificamente à ampliação da consciência e a espiritualidade. Mas estes importantes aspectos não são abordados nos currículos de ensino das escolas públicas, e, portanto, não são inclusos nesta proposta metodológica.

O ensino tradicional desvincula o corpo e a mente no processo de aprendizagem. Mas o yoga, por definição, se fundamenta nesta união. Assim, o corpo age como um trampolim para a aprendizagem, mas a mente também ajuda a revitalizar o corpo. A forma de empregar o yoga que nos transmite Pantajali age em ambos os sentidos, e sugere a alternância do intenso trabalho mental com relaxamentos e exercícios físicos, porém tendo grande cautela nas transições entre o trabalho mental e físico.

Na educação de hoje, nos defrontamos com diversas dificuldades: a ansiedade, o estresse, os horários extensos e carregados de atividades, o ruído, o cansaço, o nervosismo antes dos exames, etc., que se vêm refletidos nas crianças e nos professores. O yoga nos dá ferramentas que nos ajudam a balancear as energias, focalizar a atenção, afrouxar as tensões físicas e mentais e gerar um melhor ambiente para trabalhar em sala de aula. A esse respeito, ensina-nos Micheline Flak :


"O ser humano, quando chega ao mundo, não está terminado. A educação tem por objetivo desenvolver suas potencialidades para levá-lo à compreensão de seu lugar na Terra e de seus vínculos com o Universo. A escola não tem por finalidade fazer de nós somente profissionais, mas também pessoas em evolução ao longo da vida".

Florianópolis, dezembro de 2003.

BIBLIOGRAFIA

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- Arenaza, Diego. 2002 . Site: Yoga na Educação: http://www.ced.ufsc.br/yoga

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-Hourst, Bruno. 1997. Au bom plaisir d'apprendre. Paris: InterEditions.

-Jones, Annie. 1999. Ioga: sementes do saber. São Paulo: Avatar.

-Lusk, Julie. 1998. Yoga para la oficina. Barcelona: Ediciones ONIRO.

-Osho .1990. MEDITACION, La primera y última libertad. Buenos Aires: Editorial Mutuar

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-Zeer, Darrin. 2002. Ioga no trabalho. Rio de Janeiro: Sextante.

-Zorn, William. 1973. Ioga para a infância. São Paulo: Editor Pensamento.-Swami Vishnudevananda. 1989. El libro de yoga. Madrid: Alianza Editorial, S.A.