* O pensamento surge do silêncio; o ego, do pensamento; e do ego surge o discurso.
Ora, se o discurso tem efeito, quão mais eficaz não será sua fonte.
- Ramana Maharshi
Certa vez, um rei reuniu alguns homens cegos ao redor de um elefante e lhes perguntou o que lhes parecia ser. O primeiro deles apalpou a presa e disse que o elefante se parecia com uma gigantesca cenoura; outro, tocando-lhe a orelha, disse que se parecia como um enorme leque; outro, apalpando-lhe a tromba, concluiu que o elefante se parecia com um pilão; outro, tocando-lhe a perna, disse que se parecia com um almofariz; outro ainda, agarrando-lhe a cauda, disse que o elefante era semelhante a um corda. Nenhum deles foi capaz de descrever ao rei a forma real do elefante.. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.
Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!
(Provérbio da mitologia hindu)
A imagem do ser humano tem orientado pais e mestres desde a mais antigas civilizações na tarefa de educar as novas gerações.Há várias teorias antropológicas que norteiam os objetivos educacionais a fim de posicionarmos que tipo de ser humano desejamos educar e para quê, como por exemplo concepção essencialista, naturalista ou a histórico-cultural.A presente reflexão é sobre de como a imagem que o yoga traz do ser humano pode ajudá-lo na educação .Assim passaremos a rever algumas formas que filósofos, educadores e mestres transmitiram seus conhecimentos para a formação do ser-humano.
Para tanto começaremos olhando para algumas partes na história da aquisição do conhecimento, da verdade e da educação.
Vemos que a habilidade humana de lascar uma pedra, torná-la pontiaguda e amarrá-la em um cabo, deu origem não só ao primeiro machado, mas a própria idéia do machado.Sem querer, esse homem implantou um método experimental, constituído de saberes vulgares, carentes de ciência. A evolução dos conhecimentos fez com que a humanidade saísse da Idade da Pedra Lascada para a Idade da Pedra Polida e que esta, se sucedesse á Idade de Cobre.
O acúmulo de conhecimento conduziu também ao aperfeiçoamento da mentalidade.Querendo então deixar sua herança animalesca, e , incorformado em sua carência de incompletude, deseja chegar àquele que tudo conheçe, aquele que é pleno.
Assim, consciente de sua própria ignorância , o homem ruma buscando a Verdade e desenvolve um amor ao saber.Surge a filosofia (Philos=amizade, amor;Sophia=sabedoria; sophós=sábio) e os primeiros filósofos refletiam sobre todos os saberes.
Sócrates comparava a maioria dos homens ao rebanho das ovelhas, que seguem o pastor sem saber por quê , e achava que uma vida sem reflexão não devia ser vivida.Estimulava a auto-confiança nas pessoas para que desenvolvessem suas próprias crenças e idéias , independente da maioria democrática. Assim, saia na Ágora grega perguntando o que as pessoas pensavam sobre as coisas, negando o senso comum, os pré-conceitos e os pré- julgamentos e questinava sobre o que eram as coisas, (essência) os por quês (causa) e como (processo), inaugurando profundamente uma atitude crítica e filosófica da vida.
Os filósofos gregos foram os primeiros a refletir sobre a distinção entre o conhecimento vulgar e o científico, embora Platão confundisse ainda ciência com filosofia, e a verdade era aquela daquele que apresentasse um melhor argumento na arte do diálogo, a dialética.Platão considera que apenas através do diálogo o filósofo deve procurar atingir o verdadeiro conhecimento, partindo do mundo sensível e chegando ao mundo das ideias.
Para Platão, o bem, ou seja, o conhecimento da justiça era o que faziam os homens felizes.Essa justiça consistiria na relação entre as três partes da alma:a inteligência, (cabeça), a coragem(coração), e os instintos, pelo baixo ventre.Platão ainda afirmava que Deus era a medida das coisas, e não o homem, pois não se busca a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior.
A doutrina Aristotélica também dispensava a experimentação ou sua sistematização afirmando que havia uma hierarquia dominando o mundo dos seres vivos, sendo que na parte mais alta estaria o Ser geral, e na base dela, os indivíduos.
E os gregos homéricos apesar de estarem passando do estágio mais alto da barbárie para a civilização, o ideal homérico de educação continha já o germe da teoria do desenvolvimento da personalidade. Assim, Ulisses e Aquiles (personagens da Íliada, de Homero) personificavam os ideais de sabedoria e poder de ação, respectivamente. Diz Fênix instruindo Aquiles:
" Tudo o que mandou ensinar-te, como um filho meu, é que fales como devas falar, e faças quanto devas fazer; não permanecendo mudo por falta de palavras, nem inativo de saber fazer."
Os ideais de sabedoria e poder de ação são tão importantes que perduram até hoje traduzidos como dois , dos quatro pilares da educação: Saber Ser e Saber Conhecer.
Assim , vemos que os valores sócio-culturais estão embutidos nos objetivos educacionais.Na Grécia homérica formava-se o guerreiro,na época clássica, Atenas formava o cidadão , e Esparta era uma cidade que privilegiava a formação militar.
Por volta do século III aC a visão do Universo geocêntrico consolidou-se com Platão e Aristóteles e influenciou decisivamente o pensamento medieval.
No ano "zero" Cristo orientava para a verdade: "Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará!"
Na idade Média, os valores terrenos eram submetidos aos divinos. O Cristianismo pregando seu Deus perfeito, e o dualismo maniqueísta de bom e mau, acirrou a dualidade entre a matéria e o espírito.
No Renascimento, surge o movimento "Pansófico",(do grego :pan=tudo, todos; sophia=sabedoria) que foi a tendência geral de pensadores , cientistas e escritores do século XVII lutando pelo melhoramento geral da humanidade, voltando-se para as novas ciências.Não se satisfazendo com o raciocínio puro para explicar os por quês dos fenômenos, os cientistas desenvolveram a metodologia científica e separam os saberes em:
1- conhecimento popular ou vulgar;
2- conhecimento religioso;
3- conhecimento filosófico;
4- conhecimento científico;
Iniciador do empirismo, Francis Bacon(1561-1622)dizia só poder existir dois métodos para investigação da verdade: um parte dos sentidos e o outro constrói os axiomas partindo dos sentidos.Como é sabido, Bacon reivindica, contra Aristóteles e a Escolática, o método indutivo.Assinala serem fundamentais a "observação " e a "experimentação dos fenômenos" pois somente essa última pode confirmar a verdade. Embora Aristóteles e Tomás de Aquino afirmaram claramente este método, e até o reconheceram como único procedimento inicial do conhecimento humano, entretanto a eles interessavam muito mais as causas do que a experiência, o que transcende a experiência do que a experiência; muito mais a metafísica do que a ciência. Em sua obra"Novum Organum", continha além das críticas acima, as regras para a construção da ciência da natureza.
Segundo Bacon, o verdadeiro método da indução científica compreende uma parte negativa ou crítica, e uma parte positiva ou construtiva. A parte negativa consiste, antes de tudo, em alertar a mente contra os erros comuns, quando procura a conquista da ciência verdadeira.Esquematicamente , seu "metodo científico", o único caminho seguro para a verdade dos fatos passava por:experimentação;formulação de hipóteses;repetição;testagem das hipóteses; formulação de generalização de leis.
A educação como ciência para Bacon, era apenas um meio para um fim :"O domínio do homem sobre as coisas.Onde a ciência e o poder humanos coincidem".Como para ele a vida intelectual deveria abandonar a velha especulação estéril, seus estudos dirigiam-se aos fenômenos da natureza, encontrando aí um equilíbrio entre a oportunidade prática e o conhecimento.
O educador Jan Amos Komenský,(1592-1670) mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII , genial pedagogo tcheco, foi representante junto a Bacon dessa nova concepção de educação no séc.XVII, o Realismo Sensorial, tipo de educação em que se dava preferência ao estudo do fenômenos naturais, sendo o conhecimento adquirido primeiramente através dos sentidos, assim então, as crianças deveriam adquirir a idéia antes da forma e compreender o objeto antes da palavra.
Na perspectiva didático-pedagógica-pansófica, tendo como um de seus pressupostos mais significativos a religiosidade da Igreja Reformada, publicou obras como "Didáctica Magna", "Pampaedia" e "Deliberação universal", cujos objetivos eram respectivamente a reforma da escola, da educação e da sociedade.Todas essas reformas deviam ser executadas pela educação que se transformara no novo instrumento de libertação e salvação de todos os homens.
Vale a pena lembrar que Comênio estava inserido na sociedade boêmia, com um alto grau de cultura, onde a primeira universidade naquela parte da Europa foi fundada em Praga em 1348.Acreditasse que a fonte de seu espírito prático, inovador, aberto ao diálogo e as mudanças seja o fato de que muitos estudiosos crêem que Comênio acompanhava seu pai nas tarefas diárias do moinho .O moinho era necessário em cada pequena comunidade ou aldeia, e além dos serviços prestados, era um ponto de encontro onde se davam todas as comuniações, fazendo dos moleiros um grupo profissional aberto ás novas idéias e propenso a difundi-las.Parecido com a Ágora grega.
Crescido nesse ambiente onde falavam sobre todas as coisas, Comênio desenvolveu uma visão onde o estudo das partes completava-se no conhecimento de todo e vice-versa, num movimento de circularidade contínua em que se dava um aprofundamento do conjunto e das partes.Arrisco em dizer que esse ambiente lhe proporcionou uma vivência no que chamamos atualmente de "teoria da complexidade".
Para essa relação, no âmbito interno das obras estudadas, mostrou-nos a reciprocidade contitutiva e a mútua dependência entre essas duas instâncias.Evidenciou ainda que a verdade maior do todo particularizava-se em cada segmento.Em sentido inverso, deixou claro que as verdades parciais ampliam-se em sua significação à medida que se integram umas às outras na constituição da totalidade.Da mesma forma tornou manifesto que o conhecimento da totalidade se faz à medida que se progride no conhecimento das verdades particulares.Portanto, o desvelamento das idéias comenianas deu-se progressivamente conforme se tornavam patentes as interligações e interdependências do todo com suas partes.Acrescenta-se que a influência da extrema religiosidade Morávia certamente influenciou o modo de ser e crenças de Comênios dando-lhe a espiritualidade e o amor que recebeu da Unidade do Irmãos Boêmios, uma ordem religiosa que o educou nos princípios da moral austera e a Bíblia como base.Assim, Comênio postula que há três estágios na preparação para a eternidade:
1-conhecer-se a si mesmo( e a todas as coisas);
2-governar a si mesmo;
3-dirigir-se para Deus
O método tem como preceitos: - tudo o que se deve saber deve ser ensinado; - qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, uso definido; - deve ensinar-se de maneira directa e clara; - ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas; - explicar primeiro os princípios gerais; - ensinar as coisas em seu devido tempo; -Foi um grande influenciador na educação moderna.
Sua importância decorre de ser o autor da Didática Magna, "Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos",
sendo o primeiro educador, no Ocidente, a interessar-se na relação ensino/aprendizagem, levando em conta haver diferença entre o ensinar e o aprender.
A palavra didática (didáctica) vem da expressão grega (techné didaktiké), que se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar. A Didática é a parte da pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica. A didática estuda os processos de ensino e aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII
Comênios parte do princípio de que a educação era o meio mais eficaz para corrigir a corrupção humana (Comênios, 2001:44).
Sabendo desse poder,o Estado atual, aqui no Brasil, tem assim o número de investimento em educação inversamente proporcional ao aumento da corrupção política.Não á toa que o ensino de filosofia foi retirado das escolas públicas na época da ditadura.Atualmente a filosofia está voltando as escolas, assim como a arte e a música.Esperemos que que a volta desses currículos nas escolas proporcione aos estudantes das escolas públicas que saem sem saber interpretar um texto e mal sabem escrever, quanto os alunos dos colégios particulares que estão cheios de conteúdos, uma consciência crítica da sociedade em que estão inseridas formando cidadãos cônscios de seus direitos (sabedoria) , e atitude de transformação (poder de ação).
Sabemos que ver a corrupção somente nos políticos é uma pequena parte dela, pois todos que tem no dinheiro seu Deus , é corrupto.
Ele acreditava na educação destinada a todos e afirma que os retos princípios da Didática interessavam “Aos Pais”, “Aos Preceptores”, “Aos Estudantes”, “Às Escolas”, “Aos Estados”, “À Igreja” e “Finalmente é de interesse do CÉU”. (Comênios, 2001:47-8).Tendo as Escrituras e a Natureza como inspiração ele parte para o labor da escrito de seu tratado.
A Didática Magna de Comênio expressa a linha de passagem do feudalismo para o capitalismo, da produção medieval para a burguêsa.No primeiro, o mundo feudal era teocêntrico, convergindo todo agir humano voltado para um fim último, Deus.O segundo , pelas novas relações de trabalho que estava desenvolvendo, gera um novo centro explicativo das ações do homem.Esse centro era o próprio homem.O antropocentrismo fazia convergir para si toda a nova explicação do universo físico e social.
O fim último do homem já não era dirigir tudo para a conquista do céu, mas construir nesta terra o paraíso.
Refutando o geocentrismo,(a terra como centro do universo) Galileu Galilei,(1564-1642),acreditava que o cientista deve provar na prática tudo que afirma, desenvolveu os argumentos que encontrou em Copérnico e valendo-se de um telescópio(que inventou ou redescobriu)com capacidade para aumentar até mil vezes a imagem observada, consegiu ver as faces de Vênus:isto veio provar que esse planeta girava em torno do sol e que, consequentemente, a Terra não era o centro dio universo.Para ele, o sábio deve livrar-se de todas as idéias falsas que obscurecem o espírito e só confiar na experiência, indo gradativamente dos fatos particulares para os fatos gerais.Nesse sentido é necessário observar e anotar os fatos da natureza,sua presença, sua ausência, seu aumento ou diminuição , a fim de induzir as relações de causa e efeito.
Galileu foi condenado a prisão domiciliar perpétua pela Inquisição por ter defendido teses estritamente científicas e é um exemplo muito citado em debates que falem de "fé versus ciência". A tese heliocêntrica exigia que a Igreja reinterpretasse certas passagens da bíblia , mas a igreja não queria fazê-lo, pois esta fixava-se em seu conhecimento religioso.Galileu acabou condenado e a doutrina da Igreja permaneceu por muito tempo fiel ao geocentrismo.
Em sua peça teatral "Vida de Galileu",Brecht,expressa de maneira poética e dramática a fase de transição que se passava no século XVII.Em um dos diálogos entre o discípulo Andrea e o mestre Galileu, este fez-lhe o anúncio triunfal da nova era:
"A Humanidade acreditou durante 2 mil anos que o sol e todos os astros do firmamento giravam à sua volta.............O universo numa noite perdeu o centro.Mas na manhã seguinte tinha uma infinidade deles.De modo que cada um pode ser considerado centro, ou podemos não considerar nenhum.(1970, pp.11-14)
Vemos em Galileu um grande exemplo de autonomia.
Ao mesmo tempo em que o Renascimento com o método científico aumentou nossa capacidade de investigação amadurecendo nossa consciência tornando-a mais observadora e crítica , deu ao ocidente um modo de agir materialista e racional.
"Cogito, ergo sum" (Penso, logo exito), veio na sequência com o Iluminismo em Descartes (1596-1650) seu "Discurso sobre o método".Kant, definia educação como o processo pelo qual o ser humano realiza sua humanidade, ou seja:"o fim da educação é desenvolver, em cada indivíduo, toda a perfeição de que ele é capaz" pag.151.
Mas o que seria essa consciência racional de que tanto falamos? O que tem acontecido que a educação embota esse desvelar da nossa consciência?
Nada contra este estilo,que tem dominado nossa vida desde o Renascimento, mas sim contra a confusão que é feita quando achamos ser a mente o dono da casa, ou seja , nos identificamso com ela, achando que somos o que pensamos.
Essa modernidade cartesiana, privilegoiu o intelecto, as idéias , até o ponto de confundir o Ser com ela, e mais, negligenciou outras importantes faculdades humanas : o corpo, as emoções , os sentimentos, os instintos e a intuição .
Para esclarecer essa questão vamos dar um exemplo da filosofia yóguica, que é existencialista e questionadora em essência.O yoga é também uma técnica de descondicionamento e desindentificação.Até aqui vimos um pouco de como a história da educação não apresentou meios que supriram as demandas humanas. Vamos apresentar como o Yoga é uma cultura que fornece meios para a busca da vinculação do indivíduo com o todo.
No Bhagavad Gita temos essa imagem:
"Do mesmo modo que uma carruagem é arrastada por cinco cavalos, nosso corpo é arrastado pelos cinco sentidos. As rédeas da carruagem do corpo são a mente, que está sempre conectada com os cavalos dos sentidos. A posição da inteligência é a de condutora da carruagem, enquanto nós, a alma espiritual, somos simplesmente o seu passageiro. Então, seguindo o exemplo de Árjuna, devemos aceitar que Sri Krishna, a inteligência suprema, seja o condutor da carruagem das nossas vidas."
Sri Krishna, O Ser é o condutor da carruagem, o Todo, que se encontra dentro de nós.A mente são as rédeas, que atreladas aos sentidos tem de escolher
Em " A Tradição do Yoga"(Feuerstein, Georg,1998p134):
"No seu mais pleno desenvolvimento, a tecnologia psicoespiritual do yoga, é um fruto da época em que Karl Jaspers chamou de "Era Axial", o período decisivo que transcorreu mais ou menos na metade do primeiro milênioa.C.- a epóca de Lao Tsé e Confúcio na China, de Mahâvîra e Gautama na Índia e de Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles na Grécia.Esses gênios ao lado de inúmeros outros pioneiros daquela época, criaram um novo paradigma ou estilo de pensamento"
Feuerstein segue mostrando uma perspectiva evolucionária:o modelo gebseriano das estruturas da consciência, onde Jean Gebser, filósofo cultural suiço mostra como a humanidade passou por uma série de estilos de cognição: a consciência arcaica; mágica; mítica e mental
Gebser diz que este estilo cognitivo é dominado pela mente pensante e racional, que opera com base no princípio de dualidade("ou isto ou aquilo").Intensa autoconsciência com o mundo se dividindo entre sujeito e objeto.Modelo que vem desde o Renascimento ,transformando-se numa força destrutiva quando degenerou-se de sua natureza equilibrada ao fortalecer o ego(parte) e opondo-se á realidade espiritual(todo).Essa degeneração da consciência mental Gebser chamou de consciência racional
Ao aproximar-se do fim da sua vida, Jung fez a afirmação que expressa explicitamente sua conclusão acerca da finalidade geral do sentido da vida humana: "A finalidade da vida humana é a criação da consciência"
Diz que no nível coletivo, a consciência é o nome de um novo valor supremo a nascer no homem moderno.A busca da consciência, a "com- ciência" , une os objetivos das duas etapas anteriores da história ocidental, quais sejam, a religião e a ciência.A religião(que significa "religação) tem como finalidade essencial a manutenção do vínculo entre o homem e Deus.Isso corresponde a Eros, o princípio de ligação , e ao fator "estar com " da consciência enquanto "conhecer bem". A ciência, por outro lado, desistiu ousadamente da ligação com o outro e optou, em vez disso, pela busca de um aumento do conhecimento humano.Se a religiãoé orientada para o Eu , a ciÊncia é orientada para o ego.A religião baseia-se em Eros e a ciência, no Logos.A era que agora começa a florescer proporcionará uma síntese para essa tese e essa antítese.A religião buscava a vinculação, e a ciência buscava o conhecimento.
A nova visão de mundo buscará o CONHECIMENTO VINCULADO.
(Edward F.Edinger, A CRIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA, p.54-55)
Cabe agora entendermos o que o yoga entende pelo sujeito.
No Rig Veda há uma bela imagem :
"Como dois pássaros dourados intimamente ligados,
o Ego e a consciência repousam no mesmo galho .
O primeiro ingere os frutos doces e amargos da vida,
o segundo tudo vê em seu distanciamento!"
Rig Veda
Eu sou esse Ser! Em suma, você já é a felicidade que está procurando!O SER é a Consciência observadora.O yoga é um caminho que vai tirando tudo que o impede de ver e ser essa consciência.
Quanto á meta do yoga trouxe uma visão do Prof. Hermógenes que nos aproxima do método científico , da Ciência do Yoga.
"A filosofia yogi propõe um método, que é nitidamente experimental, pois que a conquista da Verdade se faz no universo interno do praticante. Ele deve partir de uma hipótese, que está configurada nas Escrituras, principalmente na Bhagavad Gítá e no Yoga Sútra. A experiência, baseada nessa hipótese, implica uma disciplina (Sádhana), que visa a um aprimoramento de todos os níveis existenciais do sistema complexo que é o ser humano. Desde a mente, em todos os seus níveis e aspectos, passando pelas estruturas emocionais e energéticas, até o corpo físico, num trabalho integrador, visando a otimizar os "veículos" em trabalho experiencial e experimental. A tese culminará com o atingimento do Samádhi, que desvelará a Verdade (Paravidya) que há de libertar Purusha. Essa é a meta. Trabalhando sobre si mesmo, o aspirante regula suas interrelações, que envolvem os mundos objetivo e sutil, até o alcance do mundo transcendente."
Esse distanciamento maravilhoso ,o yoga nos presentiou.Alías sempre esteve, yoga no lembrou.
O Ser é designado pelas palavras Sat-Chit-Ananda. Essas palavras não são adjetivos. Não podem ser consideradas atributos nesse sentido, mas são aquilo que o Ser é.
1) Sat significa real, verdadeiro. Literalmente, quer dizer 'Aquilo que Permanece', 'Aquilo que não tem fim'. É aquilo que sempre foi, é e sempre será. Ninguém precisa dizer para você que você existe, que você é real. Você já sabe disso, certo?
2) Chit significa consciência, auto-existência. Para que haja transformação, é preciso que haja uma testemunha, que tenha estado aqui no passado. Isso permite que a transformação seja apreciada.
O que você iria achar se eu lhe dissesse: 'vou lhe revelar um grande segredo: você existe!' Ninguém precisa dizer para você que você existe, que você é real. Você já sabe disso, certo? Por que você pode dizer que você existe? Porque você é auto-consciente! Você existe, e sabe que existe. Isto é chit.
3) Ananda significa muita felicidade. Plenitude. Essa é a matéria prima que configura sua essência. Por que podemos afirmar isso? Como podemos ter certeza? Por que, sempre, sempre, retornamos ao estado de felicidade. Entre os momentos de tristeza, de insegurança, as dúvidas da mente nos aliviam (temporariamente, é verdade). Não há mal que dure 100 anos. Nenhuma forma de sofrimento permanece para sempre. Essa é a prova de que o sofrimento não faz parte da nossa real natureza.
A filosofia yogica é existencialista e questionadora, dá a capacidade da percepção do ilimitado através da meditação. Durante a meditação o praticante percebe o universo desintegrado, mostrando o observador e o observado como um só, a unidade da alma e matéria, indivíduo e ser supremo. A meditação contínua leva à percepção da realidade última, que não pode ser concluída, é inatingível ao intelecto. É uma vivência que traz um resultado palpável, uma mudança na consciência que permanece mesmo quando não estamos meditando.
Considerada por muitos como uma nova tendência no Ocidente ,tem sido frequentemente relacionada à necessidade de instrumentos para lidar com nosso modo de vida estressante, ou a uma carência de espiritualidade livre da culpa das religiões baseadas no Cristianismo, ou ainda a um modismo passageiro.Yoga é em verdade um método para a libertação.
Ao observarmos o homem ocidental se adequar tão fortemente à essa visão monística de universo, não deveríamos nos surpreender, já que o próprio Ocidente experimentou, de maneira predominante, essa visão de alma e matéria inseparáveis. Cerca de 2500 anos atrás, as raízes da física na filosofia grega antiga não priorizavam a razão em relação à intuição, e ciência e religião não se encontravam separadas. O estudo do espírito e da matéria era indistinguível.
O surgimento do dualismo, separando a abordagem da matéria e do espírito, foi iniciado especialmente com a noção de um deus pessoal e inteligente, ocorrida no século V a.C. com a escola eleática, quando os filósofos passaram a dar mais importância aos assuntos referentes a alma e ética, em detrimento da investigação da matéria.
Educação dos Valores de Sai Baba-
Como uma moderna disciplina do Yoga (Sádhana), Sai Baba nos aponta a Educação dos Valores
Humanos (Educare), isto é, a cultura e o cultivo de cinco potenciais divinos que moram dentro de você, de mim, de todos. Os cinco valores, que a educação pode desenvolver, são:
1) Verdade ou veracidade (Sathya);
2) Retidão (Dharma);
3) Paz (Shanti;
4) Amor (Prema); e
5) Não-violência (Ahimsá).
Esse é o Yoga mais adequado aos que vivem agora, nesta "era negra", no Kali Yuga, dominada pela hipocrisia, pela desonestidade, pela guerra, pelo desamor e pela violência que parece insanável.
O Homem segundo o Vedánta-
Segundo o Vedánta, temos não somente um corpo (sháríra) (6) físico, porém mais dois outros, não-físicos.
São, portanto, três estruturas:
1) sthula sháríra (corpo físico), que tão bem a medicina conhece;
2) sukshma sháríra ou corpo sutil, objeto das terapias vitalistas (acupuntura, pranoterapia, do-in, etc.);
3) karana sháríra, ou corpo causal, pois é aquilo que causa os dois outros.
O modelo vedantino mostra também o Homem formado por cinco revestimentos (koshas), todos eles incessantemente cambiando, fluindo, e, por isso mesmo, ilusórios, inconsistentes (máyá):
1) annamáyákosha - o envoltório (kosha) formado pela modificação (máyá) que se processa nos alimentos. É nosso corpo físico, o sthula sháríra. Veja o capítulo A Máquina do livro Saúde Plena: Yogaterapia (página 242). O nome é bem ajustado. Que é nosso corpo físico senão o que resulta do metabolismo do que comemos? O feto é formado pelo alimento fornecido pelo organismo materno;
2) pránamáyákosha : envoltório (kosha) formado pelas energias (pránas) que regulam e mantêm as cinco funções orgânicas e, portanto, nos mantém vivos e sadios;
3) manomáyákosha : estrutura confeccionada pelas emoções e estados d'alma; é formada pela mente e pelos cinco sentidos (jñánendriyas);
4) vijñánamáyákosha ?:estrutura (kosa) cambiante (máyá) constituída pelo intelecto, que é a faculdade pela qual somos conscientes de nossos próprios conhecimentos e realizações; é ela que comunica o sentido de ser 'autor' das ações. Para não ficar uma dúvida, esclareço: a mente deseja, quer, enquanto o intelecto conhece, raciocina e decide;
5) ánandamáyákosha é a estrutura (se é que se pode falar assim) cambiante, que se encontra num plano no qual a mente e o intelecto funcionam livres dos problemas e misérias que sempre os acompanham, daí o nome ananda, felicidade, bem-aventurança. Trata-se do estado de felicidade que desfrutamos no sono profundo ou sono sem sonho, já muito próximo da Realidade Átmica ou nível quântico, onde curas instantâneas e mesmo tidas por impossíveis acontecem.
Tradição sufi-
Na linha da tradição sufi, o coração (qalb) é visto como o “órgão sutil da percepção mística”, capaz de refletir a cada instante a presença diversificada das teofanias[7]. Na medida em que se encontra purificado e “polido”, o coração é capaz de refletir e acolher todas as formas. Como assinala o místico persa Rûmî (1207-1273), é a luz do coração que ilumina o olhar, porque animada pela Luz de Deus (MI:126-127[8]). O coração é visto como o órgão que possibilita o autêntico conhecimento (ma´rifa) e a intuição compreensiva do mistério sempre maior.
Deve primeiro ocorrer a mudança psíquica, onde a alma divina mais íntima transforma a egoística alma-desejo de modo que oindivíduo é capaz de sentir a Presença Divina dentro e fora de si e perceber o mundo como um jogo
de puro deleite em uma multidão de centros interrelacionados. Juntamente com a mudança psíquica
deve ocorrer a mudança espiritual na qual a consciência recebe a descida dos poderes mais altos,
experiencia o Si universal único, realiza a unidade do transcendente, cósmico e individual. Por
último, deve sobrevir a transmutação supramental - aí a Supramente desce integralmente para
dentro de todas as regiões de nosso ser transformando-as em instrumentos perfeitos para a
expressão divina. Neste nível nós temos o ser gnóstico vivendo a vida divina sobre a terra:
"A evolução no Conhecimento poderá ser a mais bela e gloriosa manifestação com mais vistas
sempre desenvolvendo a si próprias e, em todos os modos, mais intensiva que qualquer evolução na
ignorância poderia ser. O deleite do Espírito é sempre novo, as formas de beleza que este toma é
inumerável, suas divindades sempre jovens e o sabor do deleite, rasa, do eterno Infinito inexaurível.
A manifestação gnóstica da vida poderia ser mais plena e frutífera e seus interesses mais vívidos
que os interesses criativos da Ignorância; poderia ser um maior e mais feliz constante milagre." (1)
EDUCAÇÃO INTEGRAL de Sri Aurobindo-
Decorrente da visão de Sri Aurobindo e formulada em termos prático-vivencias por Mira Alfassa, A Mãe. Segundo ela, tal educação abrangeria os cinco principais componentes do ser humano: o físico, o vital, o mental, o psíquico e o espiritual. A educação integral visaria :
"a realização simultânea de dois movimentos interligados: de um lado, o ajudar o ser a encontrar sua lei de crescimento característica e missão central e caminho, e crescer de conformidade com eles; junto com isso fazê-lo ver e com força sentir a unidade que tudo forma e como cada um de nós, integrando esta unidade, é um de seus múltiplos elementos, minúsculo em relação à imensidade do todo e, no entanto, indispensável para seu existir..." (Rolf Gelewski, 1977).
EVOLUÇÃO
No Princípio Era o Verbo
Antes da Existência existir, apenas o Não-Existente existia. O Não-Existente, a Consciência original, o Transcendente, é alguma coisa que a mente humana não pode compreender. Os antigos Rishis da Índia representaram este Transcendente através de três atributos: Sat-Chid-Ananda – Ser, Consciência, Deleite. É Ser e ao mesmo tempo Consciência-Força (ou Força Consciente) e também Deleite. É a unidade original de todas as coisas, que contém todas as possibilidades unidas, sem diferenciação. Um Vazio pleno de Poder, um Potencial infinito de criação. O Verbo: Potencial de Ação, Vontade.
O Porquê da Criação
Essa Existência-Consciência infinita tinha o Deleite de todas as coisas em uma Unidade perfeita. Apenas um deleite não possuía ainda: o deleite da unidade na multiplicidade. Este foi, segundo o pensamento indiano antigo, o motivo da criação-manifestação: o puro Deleite dessa Unidade em múltiplos centros de consciência individualizados. Poder-se-ia dizer que a Manifestação foi impelida pela necessidade inevitável de ampliação da Totalidade dessa Unidade original – o Transcendente – que, sem esse Deleite na Multiplicidade, seria uma totalidade incompleta. Do ponto de vista do Transcendente, então, o motivo-motor da Criação é o Deleite Divino Uno na Multiplicidade através do desdobrar-se das possibilidades infinitas contidas no Divino (a pura alegria da atividade criativa, a Dança extática de Shiva).
A Manifestação (Criação)
A Unidade Infinita, indissolúvel, imutável, através de sua Vontade, transformou parte de si mesma na Criação, permanecendo uma outra parte não manifestada, isto é, Transcendente. Dessa forma, a Criação não é algo projetado para fora do Transcendente, mas é o próprio Transcendente manifesto através da separação da Unidade em polaridades (consciência-inconsciência, bem-mal, etc.) lançadas no Tempo e Espaço. O Processo da Manifestação é a condensação em graus cada vez mais densos da Consciência-Força original, seguido da formação de estruturas cada vez mais complexas dessa energia condensada. Dito de outra forma, a Consciência-Força original precipitou-se até a Inconsciência primordial, seu oposto, para daí iniciar um processo de diferenciação na Multiplicidade. Cada núcleo dessa Consciência assim multiplicada tem a possibilidade de ser consciente de si mesmo e também consciente da unidade original. Nessa perspectiva, cada elemento da manifestação é então parte do próprio Criador. A Matéria é, assim, o próprio Divino manifestado, inconsciente de si próprio.
Involução
O processo de precipitação da Consciência Divina através de sucessivos graus até o Inconsciente na matéria bruta é chamado por Aurobindo de Involução. Dessa forma, a Matéria contém todas as potencialidades do Divino involuídas em si própria. A Matéria é o próprio Divino inconsciente de si próprio.
A Natureza da Evolução
A Evolução é a manifestação progressiva das potencialidades ocultas na Matéria. É primariamente uma evolução da consciência, apoiada pela evolução de formas que suportam essa consciência. É o desvelar, o desabrochar da consciência divina na matéria.
As Etapas da Evolução
Inicialmente havia somente a Matéria inerte. Então, o plano da Vida manifestou-se na Matéria, transformando a própria matéria inerte em matéria viva. A ampliação e diversificação das formas de vida (microscópica, vegetal e animal) possibilitou o surgimento da Mente na matéria viva. A ampliação e diversificação das formas de mente (uma mente subliminar e mecânica nas formas vegetais e uma mente vital e mais consciente de si própria nas formas animais) possibilitou o surgimento da mente humana, mais poderosa, rica e flexível. A ampliação da mente humana, inicialmente física e vital, posteriormente mental e intelectual e finalmente psíquica e espiritual, possibilitará o surgimento de um novo princípio de consciência na raça humana – a Supramente. Um poder já existente – a intuição – aponta para o próximo degrau da consciência humana: um conhecimento espontâneo, um repentino “lembrar-se” de algo já conhecido. Aurobindo afirma que a Supramente não é ainda o cume da Evolução. Muitos outros graus de consciência devem ser alcançados.
O Propósito da Evolução
A cada etapa da Evolução, um grau mais alto de consciência é manifestado. A evolução posterior da Supramente levará à consciência de Sat-Chid-Ananda, a Consciência Divina original, fechando o ciclo da Manifestação. A consciência de que tudo é Um, a consciência da Unidade na Multiplicidade, e o deleite múltiplo dessa Unidade na Multiplicidade. Assim, a Evolução tem um propósito bem definido: manifestar a consciência divina na matéria. O Homem tornar-se-á Deus, ou melhor, recuperará a consciência de que é o próprio Divino em forma de centros de consciência divinos na multiplicidade.
Yoga e Evolução
Segundo Aurobindo, o Yoga é uma tomada de consciência e uma participação consciente e voluntária do indivíduo no propósito da Evolução. Inicialmente a Evolução primeiramente forma um novo e mais apropriado organismo para nele manifestar um grau de consciência mais alto. Com o surgimento do homem mental-espiritual o processo pode ser invertido, isto é, através do esforço pessoal e da graça divina, primeiro alcançar novos planos de consciência para, a partir desse grau, formar ou adaptar o órgão físico necessário para suportar e manter o grau de consciência alcançado.
Evolução, Uma Escolha?
A Evolução em si é inevitável, portanto não é uma escolha nossa. Mas colaborar conscientemente no processo da Evolução é uma escolha pessoal. A Evolução também é coletiva. Um pequeno avanço em uma parte auxilia o avanço do todo. O peso e inércia do todo dificulta o avanço da parte. Assim, qualquer pequeno passo de uma parte auxilia a evolução do todo.
Os próximos Passos
O mais alto estágio da Evolução na terra é a Mente, esta em três estágios na humanidade: a mente física, a mente mental e a mente espiritual. A manifestação de um mais alto grau de consciência pode ser facilitada pela Tripla Transformação: a transformação psíquica (abertura para dentro, o centro do coração), a transformação espiritual (abertura para cima, o centro no alto da cabeça) e a transformação supramental (descida da força supramental pela graça divina). Finalmente, não é suficiente alcançar a consciência divina, é necessário que esta Consciência desça e transforme o plano físico-material, divinizando também a matéria.
Evolução da Consciência
Sri Aurobindo afirma que a evolução é um progressivo desvelar da Consciência. Este desvelar inicia com a aparente inconsciência da matéria, passando pela consciência interiorizada do reino vegetal, alcançando a consciência já exteriorizada no reino animal, até chegar à consciência mental mais plena no homem. Mas a evolução não terminaria aí. O próximo passo nessa escala ascendente de graus de consciência seria a manifestação de um novo estágio de consciência, chamado por ele de Supramente. Nesse próximo nível o homem estaria próximo do estado de Perfeição Divina. A transição da consciência desde o estágio de inconsciência, subconsciência até o estágio mental, teria sido conduzida pela Natureza através de processos de tentativa e erro, segundo esta direção predeterminada. A transição da consciência mental até o estágio supramental estaria, da mesma forma, sendo preparada pela Natureza através dos processos naturais da vida no ser humano. Nessa perspectiva o Yoga é somente uma participação ativa nesses processos da Natureza visando acelerar essa transição.
Sri Aurobindo diz que “a vida toda é um Yoga da Natureza buscando manifestar Deus em si mesma” e
“o yoga é uma participação consciente do indivíduo no propósito da Natureza”.
Conclusão:
Krishnamurti, citado por Crema (1988), avalia bem o estado atual da sociedade conduzida por esse paradigma: "Temos o progresso técnico, sem um progresso psicológico equivalente, e por esse motivo há um estado de desequilíbrio; têm-se realizado extraordinárias conquistas científicas e, no entanto, continua a existir o sofrimento humano, continuam a existir corações vazios e mentes vazias. A maioria das técnicas que aprendemos se relacionam com a construção de aeronaves, com os meios de nos matarmos uns aos outros. (...) Um coração vazio mais uma mente técnica não faz um ente humano criador; e como perdemos aquele estado criador, produzimos um mundo extremamente desditoso, talado por guerras, dilacerado por distinções de classes e de raças. Cabe-nos, pois, a responsabilidade de operar uma transformação radical em nós mesmos."
No meu ponto de vista, história da educação apresentou meios que não supriram as demandas humanas.
A educação não pode se submeter nem ao Estado , nem a Igreja.A educação tem de conquistar sua independência para melhor orientar o ser-humano para sua liberdade e potência.
O ensino consiste na transmissão de conhecimentos significativos, enquanto a doutrinação é uma psedo-educação, que não respeita a liberdade do educando, impondo-lhes conhecimentos e valores.Nesse processo todos são submetidos a uma só maneira de pensar e de agir destruindo-se o pensamento divergente e mantendo-se a tutela e a hierarquia.
Segundo Froebel:"A humanidade ainda está em processo de desenvolvimento , e a educação ainda é a melhor solução para um futuro melhor."
O Yoga apresenta uma cultura que fornece meios para a busca da vinculação do indivíduo com o todo. E essa busca não é restrita ao homem oriental, ela está na essência humana, sem fronteiras geográficas e é atemporal. Desenvolve ideais de sabedoria e poder de ação.
O yoga é um estilo de vida que se adotado automaticamente mudará a educação.A tecnologia yoguica articula as partes do ser-humano e as conecta ao todo infinito dentro dele mesmo-quer uns chamem de Deus , Tao, Brahmam, Fonte,Todo, etc.,- dialogando socialmente com outros seres humanos ao expressar-se éticamente com valores universais, dentro de uma dinâmica humanista.
Sugiro que montemos um quebra-abeça desse ensaio longo, das palavras grifadas para formatar um todo possível para a educação no yoga, que é a própria Vida: um quebra -cabeça, onde re-criamos nossas partes com o todo onipresente e onisciente!
Patrícia
NAMASTE!
(A essência divina que mora em mim, saúda a essência divina que mora em você!)