terça-feira, 26 de junho de 2012


 Como Estrelas na Terra :  a prática do desenho cultivado, a Arte e o Lúdico na Educação,como expressão do sujeito criador através da mediação do bom professor

 Enquanto assistia esse filme, todo o conteúdo do semestre na universidade (Cultura, Arte e Lúdico na Educação ) aparecia para mim.Seja na forma dos conteúdos , ou das perguntas que fiz ,  das quais como todo educador qualificado tem de se auto-avaliar como:
"Quais as lembranças de minha escola?"Do que gostava?Do que não gostava?
"Quais os bons momentos proporcionados por meus professores?
E das atitudes infelizes de alguns professores em relação a mim?Alguns traumas?
Quais momentos agiria diferente do professor, por quê? 

A importância de uma aprendizagem lúdica cada vez mais se configurava  durante o  filme   lembrando de minha infância  e das adoráveis crianças de seis anos da 1°série do meu estágio na rede municipal.......seis anos ....tendo de passar a maior parte do tempo-5 horas- naquelas carteiras horrorosas! 
                                      E r r a d o! 

Tiremos as crianças das carteiras , ensinemo as de forma lúdica.
Que elas sentem apenas no tempo necessário de escrever!

A necessidade da Arte no ensino, o teatro, o desenho cultivado....tão importante!
E as escolas insistindo em entregar desenhos prontos para pintar!
 Vamos evoluir da reprodução para a espontâneidade da criação!
O desenho é uma das formas de expressar o que sentem e pensam sobre si mesmas e o mundo.Desenhando, as crianças entendem melhor suas emoções, constroem seus valores, conceitos, normas, sentimentos , inventam, desenvolvem a imaginação para o pensamento abstrato...sentem-se participantes,  pois ao  reunir diversos elementos de sua experiência   a criança  sente seu  mundo entrar no jogo!
Assim, criança age com autoria, criatividade e imaginação, mantendo suas possibilidades de auto-expressão e ao mesmo tempo, agindo informada pela cultura. Esse é o conceito de desenho cultivado proposto pelo livro de Rosa Iavelberg,(2006).

Cabe ao professor, no ensino de arte, propiciar situações nas quais as crianças vivenciem oportunidades de apreciar obras de arte, suas próprias produções  expostas e as de seus pares, criar e produzir suas obras, e refletir sobre elas. O professor também deve evitar comparações e conceitos estéticos de feio ou bonito. 
 O professor do filme exemplifica brilhantemente a atuação de um bom educador, inclusive quando não cobra a execução imediata do desenho do menino percebendo-o com problemas.Muito sensível!

                     Além do desenho, para auxiliar o conteúdo do aprendizado, há também muitos jogos  para desenvolver a coodenação motora para escrever sem ter que treinar apenas no caderno, seja de matemática ou de português , tornando a escola uma forma lúdica de aprendizado, ligando o saber com o sabor.
Realmente a criatividade do professor junto com sua vontade de inovar é importantíssimo para que  o processo ensino- aprendizagem ocorra sem tédio.Isso todos já sabem....por que não muda-se o espaço, o método para contemplar a natureza das crianças?
 Outo modelo atual e importantíssimo é o  construtivismo  , pois ele acessa o conhecimento prévio dos alunos tornando esses construtores de seu conhecimento, tendo o professor como mediador, enxergando a complexidade cognitiva do ser humano, desenvolvendo relações cooperativas na escola.Sobre o construtivismo, Piaget fala das  formas de relações que podem ser  coercitivas ou cooperativas.
 As relações coercitivas,  modelo que perdura ainda, infelizmente que pude ver nos meus estágios e que vemos nesse filme,trazem algumas formas semelhantes de se compor no espaço: do  das carteiras todas viradas para a lousa, onde quem detém o conhecimento é o professor, normalmente com postura  autoritária, á ele sempre recorremos a resposta certa, ouvindo várias vezes:certo ou  errado.Aguadando ver a expressão de aprovação ou reprovação do professor diante da tarefa.
Os alunos que passam por esses processso, que eu passei  inclusive, acabam sendo objetos de desejo do professor, tendo que se adequar a maneira que o professor espera que você faça, impedindo seus movimentos naturais, suas ações comandadas por suas emoções, sua criatividade.Todo essa sua manifestação   é punida.
No filme em questão vemos isso no momento em que no colégio interno o professor pede para que Ishan interprete o poema.Ele o fez de uma maneira belíssima dentro da visão e experiências que trazia da vida, mas não foi aceito e ainda riram da cara dele, humilhando-o.Outro aluno então levantou-se e respondeu exatamente o que o professor queria ouvir.
Esse tipo de atitude, que vi ainda existir nas escolas , simplesmente é um assassinato da criatividade e autonomia do sujeito.Isso é que também contribui e muito para tornar a escola chata, na visão dos estudantes .Li uma reportagem recente perguntando o que fazem as crianças felizes, em vários lugares.Na escola, as duas primeiras coisas das quais as fazem felizes é o recreio e depois as férias!!!!
Percebe-se a indiferença e o desconhecimento quanto às estruturas emocionais e energéticas do ser humano nessas escolas, pois não é dado o devido espaço e nem são utilizadas metodologias para trabalhá-los. Visam o intelecto na transmissão de conhecimento e não querem que as outras necessidades (de movimento e emocionais, por exemplo) atrapalhem a aula. Verifiquei que as crianças com suas pulsões exploram o poder de ação sobre seu corpo como uma manifestação para serem reconhecidas como sujeitos criadores: "seu desejo então, não é mais de ser reconhecida como objeto, mas também como sujeito, como sujeito que age e é dono de seus atos" (LAPIERRE e AUCOUNTRIER, 1986, p.45).
Esse reconhecimento do educando -enquanto- sujeito  é essencial por parte do professor.
Foi com essa atitude que o professor modificou Ishan cada vez que o abordava.Viu no menino o sujeito criador que ele era e apostou nele ao invés de criticá-lo pelas suas dificuldades, e mais, ajudou a transpo-las.
Termino mais um semestre na universidade agradecida pelo aprendizado da Arte , do desenho cultivado, dos jogos e brincadeiras na Educação.Embora minha formação teatral e minha experiência toda no teatro tenha já esculpido em mim a necessidade e o gosto da brincadeira e do lúdico, saber transpor isso para uma sala de aula precisa de uma  metodologia.
 Espero que os educadores vejam sempre seus alunos como estrelas brilhantes  na Terra, cuidando para que suas Luzes não se apaguem, mas insuflando-as para iluminarem o mundo aqui .

Namaste!
 Espero que apreciem o filme! 
Viva a Arte na Educação.Viva a Arte de Educar!Viva o Amor na Educação!Viva a Luz de cada Ser!
Patrícia

Referências
BISSI,A.O pulsar da vida:o caminho de integração das próprias emoções na perspectiva cristã.São Paulo:Paulinas,2003.
IAVELBERG,Rosa.O desenho cultivado da criança:prática e Formação de Educadores .Zouk.2006.
LA TAILLE,Yves de,OLIVEIRA,Marta Kohl de,DANTAS,Heloysa.Piaget, Vygotsky,Wallon:teorias psicogenéticas em discussão.São Paulo:Summus, 1992
-www.filmesdaindia.com.br
 

domingo, 24 de junho de 2012


            
                         VALORES NA EDUCAÇÃO
          É fundamental que o estudante adquira uma compreensão e uma  percepção nítida dos valores. Tem de aprender a ter um sentido bem definido do belo e do moralmente bom.
                                                                                                                                                                                  Albert Einstein                                                                                       
                                                      

                            A temática sobre valores na educação surgiu a partir de indagações de como dar uma  formação humana ao indivíduo além da transmissão de habilidades,pois vimos  que esta última se tornou o foco educativo das escolas, e também das observações dos nossos estágios  nas escolas ao percebermos uma indiferença muito grande em relação a afetividade, emoções  e ao cultivo e ensino de valores.
                            Vimos nos estágios que a todo momento aparecem situações carregadas de emoção envolvendo os alunos,  em forma de disputas, brigas, discussões.Situações propícias para os professores trabalharem o desenvolvimento e ensino de uma ética humana, de um modo de agir adequado a convivência.Chamamos essas situações  de “oportunidades -problemas”, das quais esclareceremos mais adiante.Perante essas situações  vimos cada professor interferir de acordo com sua ética.Porém, como não há um consenso atitudinal de como agir em determinadas situações, o aluno acaba por receber regras de conduta  diferentes,pois cada professor tem a sua, assim como o diretor, o coordenador, o inspetor, etc.
                            Devido a esse quadro em que se encontra as escolas, os educadores e as famílias , onde todos estão atualmente muito confusos da maneira e da necessidade ética de valores humanos que promovam uma convivência sadia na sociedade, sentimos a necessidade de pesquisar a situação que envolve o ensino de valores nas escolas.
                            Atualmente vivemos na sociedade do espetáculo, onde o aparecer e o ter vale mais do que o ser.Sabemos o preço de tudo mas não sabemos o valor .Jacques Delors dá o seguinte diagnóstico da sociedade atual:          
                             A crise social do mundo atual   conjuga-se com uma crise moral,  e  vem
                             acompanha do desenvolvimento da violência e da criminalidade. A ruptura dos
                             laços de vizinhança manifesta-se no aumento dramático dos conflitos interétnicos,
                             que parece ser um dos traços característicos dos finais do século XX.(Delors,1997)

                             Essa violência que foi parar em nossas escolas também nos instigou a pesquisar sobre valores, pois os exemplos onde alunos chegam a bater em professores, sem contar na violência verbal , tem enchido as escolas de vergonha e desespero.
                            Nesse propósito percebe-se uma  sociedade fruto de uma educação pobre em valores humanitários, que desconhece valores  humanos básicos para o bom convívio.
                            Inicialmente os valores eram passados através de um ensino religioso.Porém, com a defesa justa de uma escola laica, perdeu-se essa construção.As escolas esperam que os alunos aprendam valores em casa, e a famíla espera que aprendam na escola!
                           
                            Também encontramos situações em nossos estágios de muita frieza afetiva.Ao abordarmos algumas professoras sobre a questão, estas se defenderam dizendo terem medo de serem  mal-interpretadas.Até entendemos a posição delas nesses tempos que estamos vivendo de assédios sexuais...mas achamos meio sem sentido!
                            Nosso  tema propõe uma pesquisa de entendimento e desenvolvimento do modo de como as escolas trabalham ou não essa temática da formação humana baseada nos valores.
                            As perguntas norteadoras do nosso trabalho são:
1-Como as escolas ensinam os valores?
2-Quais as atividades no currículo são usadas para passar o ensinamento de valores?
3-Quais seriam os valores básicos na formação do indivíduo?
                            Para respondê-las nos propomos a questionar os professores e cordenadores das escolas de nossos estágios, além de levarmos em conta nossas próprias observações das dinâmica nas escolares.Buscamos também  autores  para fundamentar nossas observações e nos orientar nesse entendimento.



                                   A  autonomia do sujeito na construção de valores

                            Uma outra questão nos surgiu no desenvolvimento de nossas pesquisas: podemos pensar apenas na transmissão dos valores que as escolas podem passar assim como a transmissão dos conhecimentos ?Ou investigar quem é o sujeito que os recebe, e se é um sujeito é inerente á ele a construção desses valores com a escola e a família ou deve apenas obedecer  valores já existentes?
                            Para  a epistemologia genética de Piaget , o pensamento racional é fruto do esforço que o sujeito faz para pensar seu próprio pensar e agir (sua abstração reflexiva).Não quer dizer que ele é independente do meio social , pois sem a solicitação deste , a abstração reflexiva poderia não ter sido desencadeada.Mas tal dependência não significa heteronomia, mas sim a oportunidade  que o meio tem de despertar as potências latentes no sujeito.(Ramozzi, 1988).E, embora Piaget tenha insistido na necessidade da cooperação, de trocas de pontos de vista entre pares  para a busca de conhecimentos , seu conceito de abstração reflexiva não deixa de lembrar o trabalho do sábio  que se eleva acima de seus semelhantes pela auto-refexão, reflexão esta , no entanto , somente possível a partir da ação sobre o mundo.(LATAILLE,OLIVEIRA,DANTAS,1992, p.112).
                            Assim, para Piaget , encontram-se em cada sujeito, estruturas e mecanismos que lhe são íntimos , pois são irredutíveis a fenômenos sociais introjetados.
                            A concepção de Piaget é que o sujeito participa ativamente de seu desenvolvimento moral e intelectual, postula e defende uma autonomia possível do indivíduo perante a sociedade.
                            Para Piaget, não há nem indivíduo pensando uma moral isolada, nem uma  sociedade isolada com uma moral estabelecida, mas existe sim relações interindividuais,(LATAILLE,OLIVEIRA,DANTAS,1992, p.58)e as divide em dua categorias:
a coação e a cooperação.
                             A coerção é uma relação onde um dos pólos impõe ao outro suas formas  de pensar, seus critérios e suas verdades.Não existe reciprocidade.É o que mais vimos nas escolas de nossos estágios:professores impondo sua autoridade e sua forma de agir, criando relações coercitivas aos alunos, impondo castigos e repressões .Sobre isso Piaget diz:
                           Já a cooperação(co-operação, como as vezes escreveu Piaget para sublinhar a etimologia do termo) são simétricas, portanto regidas pela reciprocidade.São relações que pedem mútuos acordos entre os participantes, uma vez que as regras não sãodadas de antemão.Somente coma cooperação, o desenvolvimento intelectual e moral pode ocorrer, pois ele exige que os sujeitos  se descentrem para poder compreender o respeito mútuo e a autonomia.(LA TAILLE,OLIVEIRA,DANTAS,1992, p.59).
                            A autonomia do sujeito para Piaget é afirmada em alto e bom tom.Para as possíveis aplicações da teoria piagentiana à Educação, tal fato é de suma importância:muito mais do que um método ´pedagógico,  uma técnica, da teoria de Piaget decorre uma atitude ética e política.Nesse sentido , aqueles que simpatizam com suas idéias devem ser , antes de tudo , amantes da liberdade.
                            Ora, seguindo  esse conceito de Piaget, podemos responder a nossa nova pergunta afirmando que os valores tem  de ser construídos a partir do sujeito, da criança que reflete sobre seu agir.
                           Assim,  criança é um sujeito que tem que interagir no universo escolar,em suas múltiplas dimensões.
                           E sendo reconhecido como um sujeito criador ,fica claro para o professor e o  para o aluno que o ruim são as atitudes e não as pessoas.É importante que a criança se sinta amada no momento da correção, pois isto a ajudará a se libertar dos seus erros.
Portanto o professor não deve xingar o sujeito e maltratá-lo, como vimos muito nas escolas acontecer, mas sim corrigir suas atitudes.Incluindo  a emoção da criança, o educador corrigi as atitudes, e não o sentir.Pois estabelece um vínculo com o aluno compartilhando com este a afetividade, no momento em que compreende suas emoções, tanto positivas, quanto negativas.



A inclusão da  afetividade e das emoções para o desenvolvimento dos valores

                           Foi muito  explícito nos nossos estágios a necessidade que as crianças tem de movimentos bem como suas necessidades  de trocas afetivas e emocionais.
                           Para Wallon, a afetividade , não é apenas uma das dimensões da pessoa:ela é também uma fase de desenvolvimento, a mais arcaica, visto que nas associações humanas primitivas , o contágio afetivo supre pela criação de um vínculo poderoso para a ação comum, as insuficiências da técnica e dos intrumentos intelectuais enquanto não for possível a articulação de pontos de vista diferentes.Assim, a emoção garantirá, para o indivíduo e para a espécie , uma forma de solidariedade afetiva (LA  TAILLE,OLIVEIRA,DANTAS,1992, p.89).
                           As manifestações mais ruidosas  do início da infância o choro , o riso , o bocejo, os movimentos dos braços e das pernas tendem a atenuar, porém elas ainda persistem até que uma maturação cortical torna-se suscetível de controle voluntárioWallon defende assim,  a importância das emoções e do afeto como forma de comunicação e ensino.
                           Essa consciência afetiva é ela que permitirá a tomada de posse dos instrumentos com os quais trabalam  a atividade cognitiva, conforme vai acontecendo a maturação cerebral.
                           Diante dessa visão de Wallon, podemos afirmar que é impossível trabalhar com crianças sem traballhar e entender as emoções.Tivemos um choque  em nossos estágios,  ao ver que a maioria das professores se incomodam muitíssimo quando as crianças se expressam emotivamente.Imediatamente elas são reprimidas nessa forma de se expressarem.Ficamos pensando que só faltava a escola colocar um cartaz na entrada dizendo:”Entrada permitida apenas para os cérebros das crianças, emoções e corpo  não são bem -vindas!”.
                           Ora, como desconectar uma da outra?Como querer ser educador se não entende a complexidade da criança?Se Wallon afirma que ela é uma fase de desenvolvimento , o professor tem de aprender a trabalhar com ela.
                            A todo momento vimos as crianças expressarem suas mais íntimas necessidades  , desejos, e intenções.Conhecendo essa dinâmica, um bom professor pode identificar os momentos de tensão , desconforto, medo e outras expressões do aluno, que podem impedi-lo de aprender e entender a matéria, e ajudá-lo a superar , com sua compreensão.Acreditamos que a boa ação educativa dá oportunidade para o aluno se expressar de formas variadas, seja falando , ou escrevendo suas emoções, em vários momentos, permitindo o movimento e intercalar  os momentos de alta concentração com momentos de baixa concentração em que o aluno possa conversar com os colegas, levantar-se, sair da sala, etc.,sendo que um deles, o mais significativo para nosso tema, é no surgimento das situações -problemas, aquelas de brigas e desentendimentos entre alunos.
                           Incluindo  a emoção da criança, o educador corrigi as atitudes, e não o sentir.Pois estabelece um vínculo com o aluno compartilhando com este a afetividade, a empatia,no momento em que compreende suas emoções, tanto positivas, quanto negativas.
                            Dessa maneira, para ajudar na elaboração dos valores construídos entre aluno,escola e família, acreditamos que a educação das emoções deve ser incluída na ação pedagógica das escolas e dos educadores.


                               A  formação do professor construtor de valores

                             Educar é dar as pessoas a capacidade de se questionar : “Qual a
melhor maneira de ser humano?”.
                             A tarefa de um professor consciente e responsável é saber que o ser
humano é algo inacabado,que necessita construir-se para tornar-se verdadeiramente um homem.
Justamente , para dar as pessoas essa capacidade de se questionarem o professor tem de reponder essa questão primeiro para ele, procurando ser ele um ser humano melhor, mais afetivo, que tenha uma  inteligência emocional para saber lidar com as crianças e que tenha pensado sobre seus valores.
                              Ele tem de conhecer suas próprias emoções  e se apropriar delas:
                              No entanto , se é verdade que as emoções podem exercer notável poder em nossa
                              vida, é igualmente verdadeiro o fato de que ninguém está condenado a viver à mercê
                              do próprio sentir.Podemos ser escravos das emoções ou senhores delas,classificá-
                              las e consequentemente administrá-las de maneira adequada.(BISSI, 2003, p.12)

                              Os impulsos da dimensão afetivas precisam ser educados no que diz respeito à sua expressão para que o sujeito e a alteridade não sejam prejudicados, para que não ataquem e desprespeitem os alunos com xingamentos como vimos acontecer nas escolas.
                               Além do refinamento de sua afetividade, o professor também tem de ter uma formação numa dimensão espiritual.Deve envolver-se numa busca de transcendê ncia como movimento de saída em direção ao outro que está além de si.(Neto, Rosito, 2009,p.98,99).A percepção da urgência de uma espiritualidade no campo da educação tem aparecido com os novos modelos holísticos de educação.Delors(1997,p.96-101) mencionou a espiritualidade como dimensão do ser humano historicamente esquecida, ou melhor, intencionalmente reprimida no âmbito acadêmico- científico.
                                Para contemplar as qualidades afetivas e espirituais na formação dos professores, sugerimos que este possa :
1-Passar por avaliações psicológicas em sua formação ;
2- Vivencie conteúdos artísticos,  para seu auto conhecimento e transcendência , como por exemplo  a prática de teatro para ajudar seu desenvolvimento corporal e auto-conhecimento, estimular sua criatividade e investigação de suas emoções;
3-A prática de yoga para integrar o pensamento com as emoções e suas ações para que ele seja o exemplo vivo do que ensina.
Encontramos um  curso de pós graduação visão futuro:”Educação para empatia e ética”(www.visaofuturo.org.br)


                                   O Papel da Escola e o Papel  Educador

                           Entendemos que a escola e o educador , além do conhecimento técnico que transmite à criança, como uma capacitação de habilidades , tem como obrigação educar para o desenvolvimento humanitário, criando um espaço de convivência para o desenvolvimento de uma consciência social , para que possam atuar com responsabilidade e liberdade na sociedade.Segundo Humberto Maturana (2000,p.11), “A formação humana tem a ver como o desenvolvimento de uma criança como pessoa capaz de ser co criadora com outros de um espaço humano de convivência social desejável”.
                          A descoberta do outro e o aprendizado  para esse  convivio uma das funções mais importantes que as  escola podem proporcionar aos alunos.Nos quatro pilares da educação,Jacques Delors aponta em “Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros” que:
                                                                                        
                           A educação tem por missão, por um lado, transmitir conhecimentos sobre a                                                                                                                                                                                        
                           diversidade da espécie humana e, por outro,levar as pessoas a tomar  
                           consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres humanos
                           do planeta. Desde tenra idade a escola deve, pois, aproveitar todas as ocasiões para                       
                           esta dupla aprendizagem.(Delors, 1997)

                           A palavra alteridade, que possui o prefixo alter do latim possui o significado de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e dialogar com o outro.Dessa forma eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado que estou pela experiência do contato.
                           Não ficamos satisfeitas com as respostas que os educadores e os cordenadores dos nossos estágios nos deram sobre a educação de valores, pois não sentimos nenhuma consistência entre suas respostas e seus atos do que pudemos observar.Achamos muito superficial responder:”saber entender e amar e ter gesto de compreensão para com os alunos”, pois essa resposta recorre justamente à dúvida que Piaget tinha quando um aluno respondia satisfatoriamente à uma conduta moral, porém , não sabia Piaget, se ele agiria de acordo!Assim , registramos que as escolas usam as atividades de leitura e filmes para passar cunhos morais, porém, não tem uma orientação a respeito.
                           Os educadores devem ajudar os alunos a desenvolverem novas habilidades,a articular
conhecimento,valores e compromisso social.As culturas devem ser mais ensinadas?
Sim,pois o sujeito/criança se apropria da cultura,se constrói como pessoa,construindo e reconstruindo a realidade em que vive.
                          Vemos muitos educadores se esquivar dos valores ao justificarem dizendo não adiantar ensinar certas condutas, pois em casa a criança não recebe orientação.Justamente nessa falha , ou mesmo sem ela, é que a finalidade do educador nas escolas é apontar uma direção das ações brotadas da reflexão dos alunos sobre condutas humanas.
                           Essas regras de conduta, porém não são eficazes se ensinadas diretamente, fora do contexto das situações, nem podem ser impostas de cima para baixo, como explicitamos a partir dos conceitos de Piaget sobre a autonomia do sujeito,autoritariamente apenas dizendo que não podemos fazer isso ou aquilo.Ora, a criança aprende em movimento e nas situações, e essas são apresentadas a todo momento, como temos visto em nossos estágios, como oportunidades de serem construídos os valores junto com as crianças.
                           O professor também tem de desenvolver a autonomia dos alunos estando atento a proporcionar ocasiões que estimulem a tomada de decisões dos alunos, como por exemplo nos momentos de perguntas destes, como uma oportunidade de respeitá-los em suas diferentes maneiras de pensar sendo um exemplo de valor, na medida em que eles mostrar respeito e confiança.
                           Hersh,Reimer e Paolitto(1998) destacam ainda duas tarefas do professor como facilitador do desenvolvimento moral dos estudantes, a saber: o conflito cognitivo e estimular a tomada da perspectiva do outro, colocar-se no lugar dele.
                           O conflito cognitivo deve ser estimulado por estar na base da passagem de um a outro estágio do desenvolvimento moral.
                           No modelo interacionista de Kohlberg,o estar aberto a modelos de raciocínios mais
                           adequados resulta em um desequilíbrio cognitivo.Ao tratar de assimilar a nova
                           informação, o indivíduo pode ter que alterar sua atual estrutura de pensamento para
                           acomodar-se a uma maior complexidade.Então começa a criação de uma nova
                           estrutura.(HERSH,REIMER,PAOLITTO,2008,p.110)

                          Pensamos em pesquisar uma quantidade dos melhores valores para serem trabalhados nas escolas, porém, depois refletimos que são muitas as condutas a serem passadas, a questão é que não dá para ensinar intelectualmente apenas , pois os valores se constroem na atividade,  assim construir a partir de exemplos dos professores, e das resoluções das situações problemas que aparecem.
Para tanto, a escola tem de pensar nos valores como um projeto integrado entre professores e todos os envolvidos com os alunos, inclusive a família ,a fim de que haja uma linguagem única educativa para a orientação da criança.

                                   O Papel da Familia na educação de valores
                          A principal função dos pais, depois de amá-los  é educar os filhos.Inseri-los em nossa cultura e ajuda-los a construir sua identidade.
                          A educação não é só uma obrigação.Não é apenas mandar o filho para a escola e pronto.Percebemos hoje em dia que a família transfere para a escola a educação de valores , e a escola acha que o aluno tem de vir educado de casa!Acaba que a criança cresce sem padrões.
                          A escola tem que ser vista como um prazeroso exercício que se  une aos pais e a comunidade.
                          Os pais devem estar cônscios de seu direito em participar na escola, devem cobrar isso, para o bom desenvolvimento de seus filhos, e a escola, em contra partida tem o dever de abrir-se para essa construção.
                          Um belo exemplo de um projeto que une escola,família e comunidade é o da escola “Desembargador Amorim Lima”:
                          -Lá os pais tem uma participação ativa e ajudam dando opiniões nas resoluções de problemas,como no caso dos alunos que vandalizaram uma oca indígena:os pais e a escola decidiram mostrar aos alunos o valor de serem responsáveis pelos seus atos.Os alunos tiveram que recuperar o local e ainda dar palestras sobre a importância de preservar o meio ambiente.
                          Deve-se criar essa “ponte” entre o ambiente familiar e o escolar na construção de valores e comportamentos.


     
                                                    Conclusão

                          Em tempos de globalização,  inclusão, diversidade cultural,diversidade religiosa ,de educação á distância, é urgente a educação olhar para os valores como pontos em comum que nos aproximem a todos.Vimos que as escolas , pelo menos as do nosso estágio não estão imbuídas nesse tema, e fazem muito pouco caso dele.Uma indiferença que vem desde a formação ultrapassada dos professores.
                          Acreditamos que a indiferença aos valores traz uma falha grande no desenvolvimento do aluno, não preparando-o para o exercício da cidadania para o bem viver ,afinal a boa educação tem de ser contemplada com suas duas finalidades, como está na lei:
                           Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

                           Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e
                          nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
                           educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o  
                           trabalho.

                           Concluimos que o valor mais básico necessário é o não fazer aos outros o que não queremos para nós”, pois desenvolve a noção de alteridade para o descobrimento de tantos outros valores importantes como a cooperação, amizade, verdade, justiça, compaixão, fraternidade,etc.
                           Segue abaixo nossas sugestões de como se trabalhar com valores na educação:

1-O uso de jogos e brincadeiras para o desenvolvimento moral:
                          O jogo de regras é uma das estruturas que fundamentam o jogo infantil em Piaget(1971),caracterizando a fase que vai dos 6-7 anos em diante, porém ele já vem se constituindo a partir dos quatro anos.Se as regras são contratadas pelo grupo numa organização coletiva, a criança na perspectiva sócio interacionista sofre transformações na sua maneira de sentir e agir , na medida que vai participando das atividades lúdicas , como os jogos de regras, por exemplo. A criança, por intermédio das
atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes esferas humanas, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes.
                          Concluímos então que o jogo e a brincadeira amadurece a criança uma vez que essa começa a se avaliar.Segundo Leontiev, a criança se avalia por comparação suas habilidades, possibilidades e progressos, e assim, começa a julgar suas próprias ações .Nesse processo de conscientização de suas ações,começa a se julgar, e se julgando inicia seu desenvolvimento moral.
                          Acreditamos então que os jogos e as brincadeiras são uma excelente atividade para o desenvolvimento dos valores nas crianças.

2- O uso das oportunidades-problemas para o ensino de valores-
                          Chamamos de oportunidades -problemas aquelas situações de desentendimentos frequentes que ocorrem nas escolas entre os alunos.Normalmente , as professoras, como temos visto em nossos estágios, quer resolver rapidamente esses momentos e acabam por xingar e acusar determinada criança que ela julga ser a culpada, sem ao menos  ouvir  todos os envolvidos.E essa professora acaba por criticar o sujeito, a pessoa, e não sua atitude.Isso aumenta a heteromia dos alunos , pois vai se deixando passar as situações em que podemos encorajar as crianças a resolverem as situações de acordo com seus próprios valores.
                          Assim, descobrimos que os valores não podem ser impostos autoritariamente, mas tem de ser construídos com as crianças
como o conhecimento é passado na proposta construtivista.

3- O método da criação de valores coletivos-
                          Para tanto, a escola precisa se reunir e fazer um diagnóstico da comunidade do entorno da escola para compreender mais seus alunos e familiares,com seus problemas e qualidades e também para tentar encontrar nessa comunidade parceiros que possam a vir a somar na construção de valores.
                          A elaboração dos valores em conjunto com as crianças deve-se ser feita a partir de uma proposta inicial coletiva.Achamos que “não fazer aos outros o que não queremos para nós”,  é um bom marco inicial de valor, e segue a sugestão de Hersh, Reimer e Paolitto(1988) para que os alunos sejam estimulados a se colocarem no lugar uns dos outros e entenderem seus pontos de vista, para que o conflito cognitivo possa acontecer , facilitando a passagem de um  para outro raciocínio moral.
                         Anexamos esse marco inicial na sala de aula bem visível e em murais .Conforme as situações problemas vão se apresentando, partimos desse conceito para resolvermos junto com os alunos a dinâmica que se apresenta.Esse marco inicial em se colocar no lugar dos outros será o norteador para a criação coletiva de outros valores como respeito, soliedariedade, tolerância, compaixão,amizade etc.  
                         Vai-se assim desenvolvendo coletivamente regras de conduta ao mesmo tempo em que a autonomia nas crianças é aprimorada.

4- A aprendizagem de valores através da leitura de conto, mitos e fábulas e histórias infantis e desenhos animados-
                         Ao terem contato com os contos infantis, as crianças vão percebendo uma realidade de interação humana através das condutas dos personagens.Os desenhos também podem ser melhores aproveitados de tiverem orientação para um debate posterior.
SUGESTÕES:
Sugestão 1: Assistir aos filmes :
 1-“ A era do gelo”É um filme que aborda os temas:amizade,companheirismo,honestidade e a ajuda ao próximo.
2-“ Vida de inseto”.Aborda sobre coerção, opressão,cooperação, união faz a força e respeito.
3-" Tá dando onda"(Surf´s up)- cooperação, amizade e  e solidariedade ao invés de competição
Sugestão 2: Leitura de textos e fábulas que envolva valores como moral
da história.Ex.: Fábulas filosóficas, de Michel Piquemal e Philippe Lagautrière.
Companhia Editora Nacional.
Sugestão 3:Leitura dos livros da editora BRINQ BOOK.Essa editora
aborda temas sempre belos e significativos para as crianças e também
adultos.Dois belos exemplos são:
O 1º livro :“O homem que amava caixas” de Stephen Michael King.O
livro fala sobre AMOR, AUTO-EXPRESSÃO,FAMILIA,PERSONALIDADE e
RELACIONAMENTO PAIS E FILHOS.
2º livro: “Ás vezes o amor está onde menos se espera”.Esse livro
aborda o tema FILOSOFIA e ÈTICA.

5-A prática de esportes competitivos e cooperativos-

6-A elaboração de projetos desportivos e culturais com a comunidade-
                           Segue como exemplo a proposta de Delors no pilar “Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros” :

                           A educação formal deve, pois, reservar tempo e ocasiões suficientes em seus
                           programas para iniciar os jovens em projetos de cooperação, logo desde a infância,
                           no campo das atividades desportivas e culturais, evidentemente, mas também
                           estimulando a sua participação em atividades sociais: renovação de bairros,ajuda
                           aos mais desfavorecidos, ações humanitárias, serviços de solidariedade entre
                           gerações... As outras organizações educativas e associações devem, neste campo,
                           continuar o trabalho iniciado pela escola. Por outro lado, na prática letiva diária, a
                           participação de professores e alunos em projetos comuns pode dar origem à
                           aprendizagem de métodos de resolução de conflitos e constituir uma referência para a
                           vida futura dos alunos, enriquecendo a relação professor/aluno.(DELORS,1997,p.99)


Referências

BISSI,A.O pulsar da vida:o caminho de integração das próprias emoções na perspectiva cristã.São Paulo:Paulinas,2003.

DELORS,Jacques .Educação, um tesouro a descobrir.Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI.São Paulo.Cortez.1997.


LA TAILLE,Yves de,OLIVEIRA,Marta Kohl de,DANTAS,Heloysa.Piaget, Vygotsky,Wallon:teorias psicogenéticas em discussão.São Paulo:Summus, 1992


LEONTIEV, Alexis N. Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar. In: VIGOTSKI,Lev Semenovich; LURIA Alexander Romanovich e LEONTIEV Alexis N. Linguagem,desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2006, p. 119- 142.


MATURANA,Humberto,REZEPKA, Sima Nisis de.Formação humana e capacitação.Petrópolis, Rio de Janeiro:Vozes,2000.


NETO, Roque de Carmo Amorim,ROSITO,Margaréte May Berkenbrock.Ética e moral na educação.Rio de Janeiro:Wak,2009


RAMOZZI,Chiarottino, Zélia .Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget ,1988


http://www.cincominutos.org/

http://www.colmagno.com.br/amigos/amigos_1.htm

site: www.educarparacrescer.com.br

site: www.visaofuturo.org.br-um  curso de pós graduação visão futuro:”Educação para empatia e ética”

 (Projeto integrador feito na UNICID,2012 pelas alunasAline Raquel ,Dayanne B. D. de Carvalho,Franciely da Silva e Patrícia  Marsigli Afonso)