sexta-feira, 9 de março de 2012

A Arte no lixo e no luxo:perspectivas de Vik Muniz e Gustav Klimt



Vik Muniz fez uma observação interessante de como as pessoas olhavam as obras de artes nas exposições.Disse que hora elas chegavam perto e viam o material, hora se afastavam e viam a idéia, o cenário.
Assim, para falarmos da proximidade e das diferenças entre as obras de Gustav Klimt e do documentário"Lixo extraordinário",(2009) o qual relata o processo e as obras de Vik, parto dessas perspectivas analisando os materiais utilizados e suas idéias.
Vik Muniz (São Paulo, 1961) fotógrafo, desenhista, pintor e gravador.Usou material reciclado de lixo para montar suas obras no proprio local onde os catadores trabalhavam, no aterro sanitário.E não só só isso.Seus modelos foram os próprios trabalhadores de lá, os catadores de lixo, pessoas com a auto-estima e a dignidade humana soterradas pelas montanhas de lixo por onde caminhavam, mostrando uma vida miserável , sem saída, sem oportunidade de transformação.Retratou um Brasil excludente e desigual, expressando uma arte humanitária envolvida numa denúncia social a fim de levar mais dignidade e transformação para as pessoas.Seu documentário mostrou o trabalho social que ele fez lá em Gramacho.Vik vibrava com a transformação e valorização do ser humano pela arte, não só das pessoas que ele envolveu, mas sentia essa transformação nele também, tal o poder mágico de mudança que a arte tem .
Assim, de perto , o material que vemos de Vik é o lixo material e o "lixo" humano dos dramas individuais de cada um.Ao distanciarmos um pouco do material, vemos um cenário social de excluídos e miseráveis do Brasil.

Gustav Klimt como Vik veio de família humilde.Acreditava na libertação pela arte e tocava em tabus sociais com nudez, morte, erotismo.Explorou muitas figuras femininas indo além do sensual e chegando no sexual, foi taxado de pornográfico.Nasceu em 1862 no subúrbio de Viena, Áustria.Klimt se sobresaiu desenhando um painel no Teatro Imperial de Viena.Mais tarde para representar a Filosofia, a Medicina e a Jurisprudência, na Universidade de Viena,adotou o estilo art nouveau, provocando espanto entre os tradicionalistas.Se rebelou contra a academia e usou mosaicos e composições geométricas .Fez quadros de estilos impressionistas.
Teve um afase dourada, onde utilizava ouro para composição dos dourados.De perto, Klimt usava o luxo, o ouro, de longe retratavas os tabus por expressar a liberdade do nu feminino como forma de arte.Evocava felicidade , êxtases e a eternidade.
Em ambas sentimos que toda obra de arte é um distanciamento que espelha nossas paixões, nossos dramas, amores, misérias, egoísmos, nossa vida.Sempre colocando -nos em movimentos, levando-nos de um lugar á outro,com seu poder de transgressão, conscientização e emancipação, pois após apreciarmos quaisquer das obras de ambos os artístas não poderemos mais ser os mesmos, já estamos transformados.
O "Lixo Extraordinário" de Vik nos arremete mais ao contexto social no qual estamos inseridos , nos espelhando num plano coletivo.Já Klimt , sem se preocupar com espaço ou tempo nos convida à viagens em paraísos artificiais da Beleza e da Eternidade, através da inocência e liberdade.
Essas mesmas perspectivas que Vik observou , experimentamos nas nossas vidas também, em nossa capacidade de auto-conhecimento e de olharmos para o outro e o cenário aonde desenvolvemos nossas vidas.
E as duas perspectivas leva-nos à consciência crítica , arrebatamento , transformação e autonomia.E viva a arte para aperfeiçoar a vida!E viva a arte na educação!

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